23.7.11

Marcos Moran e o grupo Chapéu de Palha animam feijoada do Cariocando, neste sábado, na cadência bonita de Ataulfo Alves



  
No início dos anos 60, de tanto passar em frente, todos os dias, do Copacabana Palace, perto do qual morava, Marcos Moran (foto acima) chamou a atenção do saxofonista e clarinetista Paulo Moura, que, batendo um papo com ele, disse-lhe que este tinha "pinta de cantor" e lhe perguntou se era, de fato, dessa "praia". Paulo precisava de um "crooner" que substituísse aquele antes acertado para uma longa série de apresentações na boate do hotel e convidou Marcos, que até então cantara, mais informalmente, em clubes e reuniões festivas, para um teste. Aprovado, Marcos fez com sucesso toda a temporada e, pouco depois, cantando num estilo suingado, "à la Simonal", gravava um disco pela RCA - num mesmo momento em que Caetano Veloso e Maria Bethania, antes da fama, tentavam a sorte pela mesma gravadora - e se tornava uma figura conhecida da noite e de atrações do rádio e da tevê. Flertou com a bossa nova, cantando, por exemplo, "Samba de Verão", de Marcos e Paulo Sérgio Valle, e gravando, da mesma dupla, "Fora de Tempo", embora o seu cartão de visita como intérprete se imprimisse, na MPB, em 1968, com o grande sucesso da gravação de uma bela marcha-rancho de Umberto Silva e Paulo Sette, "Até Quarta-Feira". Em 1979, a convite da diretoria da Unidos de Vila Isabel, voltaria à evidência no carnaval com a defesa na avenida do samba-enredo "Os Anos Dourados de Carlos Machado" (de Luiz Carlos da Vila, Tião Graúna, Jonas e Rodolfo), e assim seria até 1984, quando da sua saída da escola, após ter cantado, especialmente, duas gemas do bibarrense Martinho da Vila, "Sonho de um Sonho" e "Pra Tudo Se Acabar na Quarta-Feira".  
          Capixaba de Alegre, Marcos, também conhecido por sua contagiante interpretação de outro samba do relicário da Vila Isabel - "Zodíaco do Samba" ("Dindinha lua/dindinha lua/desça do céu e vem sambar na rua..."), de Paulo Brazão e Irani Silva, do carnaval de 1973 - é atração dos sábados, a partir das 13h, da feijoada do Cariocando (Rua Silveira Martins, 139 - Catete - tel.: 2557-3646), logo após bem-sucedida temporada, no mesmo restaurante, às quartas à noite, lembrando Wilson Simonal. Acompanhando o Marcos, um grupo com lastro no samba, o Chapéu de Palha (foto acima), que, neste sábado, 23 de julho, com o cantor, dedica parte do repertório dos "sets" do show à cadência bonita dos sucessos de Ataulfo Alves. 
          Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.
 
          Um abraço,
 
          Gerdal 

Pós-escrito: 1) no mesmo Cariocando, neste sábado, a partir das 21h, outra atração regular de grande valor: o Gafieira na Surdina, de jovens instrumentistas capitaneados pelo talentoso pianista e arranjador Dudu Viana, egresso, aliás, da mesma Zona da Mata mineira que nos deu Ataulfo;
                  2) nos "links" seguintes: a) Marcos Moran canta "Sonho de um Sonho"; b) o Chapéu de Palha, ainda com formação anterior - com Zé da Velha, ao trombone, e Toco Preto, ao cavaquinho, por exemplo -, toca "Favela", clássico de Roberto Martins e Waldemar Silva; c) ainda com essa formação, Valdir Silva, então o Valdir Sete-Cordas, um dos seus componentes, canta "Se Eu Pudesse", de Zilda Gonçalves e Germano Augusto, em duo com a própria e saudosa Zilda do Zé.

          
            http://www.youtube.com/watch?v=vglTq7D6ZTM ("Sonho de um Sonho")

             http://www.youtube.com/watch?v=ovRZxQuFNq8 ("Favela")

             http://www.youtube.com/watch?v=IMXcsu43AEI&feature=related ("Se Eu Pudesse")    

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