4.8.11

Plauto Cruz: o sopro livre de uma flauta-referência do sul do Brasil



Prezados amigos,

           Gaúcho e flautista como Dante Santoro - que, morto em 1969, foi líder de famoso regional nos anos dourados do rádio carioca -, Plauto Cruz (foto acima), 82 anos, nascido em São Jerônimo, encantou-se pelo seu instrumento em tenra idade e, até ganhar um "de verdade", criava-o com taquara furada em ferro quente. O estímulo sonoro já vinha, naturalmente, de casa, pois o pai, flautista e compositor, ainda no tempo do cinema mudo, encarregava-se da animação ritmada de salas de projeção. Portador do chamado ouvido absoluto, Plauto, aos 11 anos, já era apontado como um menino-prodígio, tocando em programas de rádio de Porto Alegre, um ambiente no qual, muitos anos adiante, acompanharia uma adolescente Elis Regina no "Clube do Guri". A mesma Elis que, poucos meses antes de desencarnar, propiciou a esse amigo dela uma alegria imensa, numa das vezes em que esteve em Porto Alegre, ao fazer questão de vê-lo apresentando-se com um conjunto no bar Vinha D`Alho.
          Por causa da aposentadoria minguada que recebe do INSS, o sopro-referência de Plauto - "nota dez, com toque pessoal nas músicas e floreios muito bons que não alteram a melodia", como afirma Altamiro Carrilho, amigo e colega dele em muitos duetos - ainda é atração regular na cidade que ele escolheu para viver e constituir família numerosa, já com um bisneto, de três anos, que, pelo "bico que faz", ao imitá-lo tocando flauta, leva jeito para o "métier". Plauto é, sobretudo, um músico de choro (tirando, em 1977, o segundo lugar no Festival Brasileirinho, da TV Bandeirantes, com "Meu Pensamento", sua e do conterrâneo Jessé Silva e defendida por ambos como integrantes do regional Lenha da Casa), mas, em momentos de baixa do gênero, exercitou-se em outros andamentos e estilos, tocando tango com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, em 2001, ou conquistando, em 1972, o prêmo de melhor instrumentista da II Califórnia da Canção Nativa, em Uruguaiana, ao defender a segunda colocada no festival, "Canto de Morte de Gaudêncio Sete Luas", de Luiz Coronel e Marco Aurélio Vasconcelos. Em síntese, um ás de dedos ágeis na flauta, que tem em sua pequena discografia um apreciadíssimo elepê, o primeiro, intitulado "O Choro É Livre", de 1977. Um mago, sereno e bem-humorado, para o qual música é bálsamo sagrado, devoção.
           Um bom dia a todos. Muito obrigado pela atenção. 

           Um abraço,

           Gerdal

Pós-escrito: nos "links" seguintes, 1) Plauto Cruz, de sua autoria, toca "Romantíssimo" com o conjunto do cantor, compositor e violonista Paulinho Parada em livraria de Porto Alegre; 2) ainda ao lado dos mesmos colegas de show, "Pedacinhos do Céu", de Waldir Azevedo; 3) com o violonista Yamandu Costa e o guitarrista Frank Solari, também gaúchos, vai de "Brasileirinho", outro clássico de Waldir Azevedo.

             http://www.youtube.com/watch?v=kl_VIi6tPXA&feature=related
("Romantíssimo")

             http://www.youtube.com/watch?v=XTwZGGuOrPw&feature=related ("Pedacinhos do Céu")

             http://www.youtube.com/watch?v=m8z_Bdv-ADE&feature=related
("Brasileirinho")

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