1.10.11

Ademilde Fonseca e Sonia Delfino, tia e sobrinha, participam, neste sábado, de "talk show" com Ricardo Cravo Albin no Sesc Tijuca





 
Em 1942, superando um "autopreconceito", como já afirmou em entrevista - o da ideia então predominante de à mulher casada caber apenas o tradicional papel de cuidar da casa e dos filhos -, a potiguar Ademilde Fonseca (fotos acima), com 21 anos, já vivendo no Rio com o marido, o músico Naldimar Gedeão Delfim, pôde aqui desabrochar profissionalmente para o canto popular, um dom que, em Natal, já era apreciado em família e entre seresteiros próximos. Também naquele ano, em um amigo "meio malcriadão, mas de gargalhada gostosa", Benedito Lacerda, ela teve um arrimo fundamental para chegar ao disco (a gravação, na Columbia, de "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu, música que aprendera, ainda em Natal, com um amigo de infância), pois, ao acompanhá-la com o seu regional numa festa, o notável flautista percebeu estar diante de um patrimônio da MPB, que ele cognominou de a rainha do choro. De fato, causava estupefação toda aquela técnica, afinação, com relevo nos agudos, e clareza de dicção a serviço de um tipo de composição até então só tocado e de andamento costumeiramente ágil. Outro brado retumbante do sucesso, também internacional, seria ouvido na carreira dela, oito anos depois, com a gravação de "Brasileirinho", de Waldir Azevedo, firmando-a no gênero, com o registro letrado de muitos outros choros famosos - como "Apanhei-te Cavaquinho" e "Odeon", de Ernesto Nazareth -, e no estrelato das nossas intérpretes, luzindo, ademais, por causa de número elevado de discos vendidos. Daí em diante, entre os muitos momentos marcantes por que passou, está a presença de Ademilde, no II Festival Internacional da Canção (FIC), em 1967, defendendo um maravilha composta por Pixinguinha, "Fala Baixinho", de versos assinados por Hermínio Bello de Carvalho. Como no famoso choro-batucada do portelense Alvaiade e Zé Maria, também levado ao fonograma por Ademilde, o que vinha de bom ela traçava muito bem.
         Juntamente com a sobrinha, também cantora, Sonia Delfino (foto acima) - do balançado "tuplec-tuplim" de "Bolinha de Sabão", de Orlandivo e Adílson Azevedo, em 1963 -, Ademilde participa de uma interessante atração, no Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539 - tel.: 3238-2164), neste sábado, primeiro de outubro, às 18h: um "talk show" conduzido pelo produtor e animador cultural Ricardo Cravo Albin, um baiano na certidão, mas carioca de coração.
 ***       

Pós-escrito: no último dos "links", Sonia Delfino, no Vinicius, com um "medley" bossa-novista que abrange "Sábado em Copacabana", de Dorival Caymmi e Carlos Guinle, "Garota de Ipanema", de Tom e Vinicius, e "Corcovado", que Tom Jobim fez naquele sempre musicalmente valorizado apê da Rua Nascimento e Silva, 107, em Ipanema. Antes desse "link", ouve-se Ademilde Fonseca em cinco outros, a saber: 1) "Rio Antigo", maxixe de Altamiro Carrilho gravado por ela em 1955, com letra de Augusto Mesquita; 2) "Inconstitucionalissimamente", de título tão grande quanto a importância do seu autor, o viçosense Hervé Cordovil, na MPB; 3) o baião "Delicado", de Waldir Azevedo, com letra de Ari Vieira, 4) "Urubu Malandro", choro do clarinetista niteroiense Lourival (Louro) de Carvalho com letra de Braguinha; 5) "Tico-Tico no Fubá".           


         http://www.youtube.com/watch?v=IzHpVxOq9AQ&NR=1
("Rio Antigo") 

         http://www.youtube.com/watch?v=f4kLfWnLdlI
("Inconstitucionalissimamente") 
        
         http://www.youtube.com/watch?v=QpaZDn06eZc&feature=related ("Delicado")

         http://www.youtube.com/watch?v=9_dH1gzvsWU
("Urubu Malandro")

         http://www.youtube.com/watch?v=S_oIegY5L5U
("Tico-Tico no Fubá")

         http://www.youtube.com/watch?v=ev6eFqOE6Yk&feature=related
("Sábado em Copacabana", "Garota de Ipanema" e "Corcovado")

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