28.2.12

Caricatura de Martin Scorsese, o grande injustiçado do Oscar


Na verdade é um estudo, são esboços para se chegar a uma caricatura de Martin Scorsese.
Acredito que ele (o Scorsese) foi o grande injustiçado da premiação da última edição do Oscar. Seu filme, "A invenção de Hugo Cabret" é uma homenagem ao cinema naquilo que ele tem de relação com a magia -, passagem que a arte de Meliès (é assim que se escreve?)realizou de forma magnífica e que se perdeu diante da realidade dura da vida. Magia que no filme é reencontrada em dose dupla, na narrativa e pela narrativa "mágica, em 3D por Scorsese. "O Artista" é um bom filme, tem seus méritos, é ousado, por ser em P&B e mudo numa época de uso de excessivos recursos,(inclusive o 3D) mas seu "encanto" acaba aí. De resto é um melodrama quase banal e que perde na comparação com a poética de "Hugo Cabret". Essa obra de Scorsese, mesmo que seja comandada pela tradicional "jornada do herói" clássica, é muito bem realizada. Talvez por ser uma homenagem ao começo do cinema, que é totalmente francês, tenha pesado na hora do julgamento dos corações, mentes e mãos americanas. Pois esse cinema ingênuo de Meliés criou as bases (apesar da ruína desse autor, ocasionada pela Primeira grande guerra, que já não admitia mais aquele tipo de narrativa ingênua e mágica)que possibilitaram a construção de uma grande empreendimento, na qual se inclui a Pathé , empresa esta que dominou o mercado mundial do entretenimento de massa e inclusive americano, por um bom tempo no começo do Século XX, e que foi duramente combatida, numa guerra "nacional" pelos produtores tardios americanos que viram no cinema um negócio lucrativo. Quem quiser saber melhor dessa história, leia o artigo de Richard Abel, "Os perigos da Pathé ou a americanização dos primórdios do cinema americano" em "O Cinema e a invenção da vida moderna" ( coletânea de textos organizada por Leo Charney e Vanessa R. Schwartz , publicada pela Cosac Naify).
O aspecto curioso dessa premiação, é que a Academia preferiu um filme francês que falasse da aventura e desventuras pessoais (individuais) dos artistas com o advento do som no cinema americano, do que um filme americano (com cara de cinema francês) que faz uma rasgada homenagem ao início do cinema como narrativa de ficção, saindo da simples esfera dos espetáculos de atrações que mexiam com a percepção, abrindo assim para cinema mundial as portas para o mar de histórias que poderiam ser contadas através das imagens. Falar mais, seria entrar no anedotário da teoria da conspiração.

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