16.2.12

Risadinha: na batida do samba, um cantor de destaque na história do Carnaval



Uma pena que, no rádio ou na tevê, não mais haja, em período antecedente à folia, aquela divulgação regular de músicas feitas para a animação de ruas e salões, especialmente sambas e marchas. Ainda pude alcançar, na minha infância, o final dessa praxe midiática, vendo, em programas da telinha, no preto e branco da imagem, diversos cantores, com seus cavalos de batalha, na disputa para "ganhar o carnaval", como se dizia, uma expressão terminante quanto à ampla aceitação popular de uma canção motivada pelo brilho da festa. Era, por exemplo, Dircinha Batista, em 1964, cantando a marchinha "A Índia Vai Ter Neném", de Haroldo Lobo e Mílton de Oliveira; e Aracy Costa, um ano antes, dizendo que "o maiô de duas alcinhas só não é pra vovó", em outra marchinha, "Maiô SS", da mesma dupla. Era, também, gente que só aparecia para cantar nessa época, como a vedete Angelita Martinez, defendendo a "Marcha da Traviata", de Carlos Moraes, e o "sui generis" Noel Carlos, um funcionário público que fora ritmista da orquestra de ritmos latino-americanos de Ruy Rey, com a "Maria-Furmaça", de Santos Garcia e Serafim Adriano. Entre tantos mais ou menos votados que apareciam (até mesmo quem não sabia cantar, mas se revelava bom "jóquei" de marcha, como o saudoso Clóvis Bornay, em 1969, com a sua "Dondoca", composta por Antonio Almeida), havia um que, em particular, eu gostava muito de ouvir: Risadinha (foto acima).
        Francisco Ferraz Neto era o nome por extenso desse paulistano que, no ano passado, teria completado 90 anos, um chofer de praça que, vindo para o Rio na década de 40, aqui se firmaria como um bom cantor (atuou como "crooner" da orquestra de Osvaldo Borba) e compositor de sambas - fazendo-os, assinava Francisco Neto. Em 1960, juntamente com Os Cariocas, Maysa, Jamelão, Luely Figueiró e Ted Moreno, entre outros, teve importante participação na regravação da "Sinfonia do Rio de Janeiro", de Tom Jobim e Billy Blanco, no elepê "Rio - Cidade Maravilhosa", ainda com a orquestra de Radamés Gnattali. No entanto, tinha no repertório do carnaval a identidade maior da sua voz, sendo o intérprete que mais gravou um dupla de compositores afiada e bastante presente nessa seara, Otolindo Lopes e Arnô Provenzano. Com músicas de lavra própria, o sucesso se aproximaria dele, por exemplo, na parceria com José Roy, por meio da marcha "Cacareco É o Maior" (de 1960, motivada por votos de protesto político canalizados para um rinoceronte hospedado no zoo de Sampa) e, mais ainda, por meio do samba de bela cadência "Se Eu Errei", feito com Humberto de Carvalho e Edu Rocha e ouvido, no "link" abaixo, com a querida Ana Costa.
        Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.

        Um abraço,

        Gerdal        


          http://www.youtube.com/watch?v=DAN2xkVIVuY
("Se Eu Errei")

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