18.9.12

Galo Preto é a grande atração do Sete em Ponto, no Teatro Carlos Gomes, nesta terça: ele é o choro, ele é o rei do terreiro

"Eu sou o choro, a voz do choro sou eu mesmo, sim, senhor..." Assim, sem falsa modéstia, parafraseando Zé Kéti na clássica autoexaltação do samba, o Galo Preto (foto abaixo) poderia gabar-se da posição de supremacia que ocupa no tradicional e hospitaleiro quintal do choro, sendo referência para tantos conjuntos, congêneres especialmente, surgidos nos últimos 37 anos. Essa, aliás, a idade desse "galo de rinha", como já observou o letrista Aldir Blanc, espantado, certa feita, com a valentia demonstrada, ao longo dessa trajetória, ante "tanta raposa entrando e saindo feito cometa do galinheiro, afanando as galinhas que, em última análise, são a razão de ser do canto dele". Uma disposição notável, portanto, que, mesmo em face dos diversos embaraços encontrados para a atuação do músico no país, estampa-se na longevidade musical do conjunto, formado inicialmente por ex-peladeiros com proximidade domiciliar uns dos outros, que se reuniam, após o futebol, na casa do violonista Raul Machado, pai de um deles, Afonso Machado, onde começaram a lidar com música. O interesse pelo choro adveio, em 1973, após verem o Época de Ouro, Copinha, Paulinho da Viola e Elton Medeiros no show "Sarau", o que se fortaleceu quando conheceram o compositor e violonista Claudionor Cruz, que lhes forneceu régua e compasso, como noções iniciais de arranjo, para o noviciado profissional.             Formado por Afonso Machado (bandolim e arranjos), Alexandre Paiva (cavaquinho), Alexandre de la Peña (sete-cordas), José Maria Braga (flauta), Tiago Machado (filho de Afonso, ao violão) e Diego Zangado (percussão), o Galo Preto pode ser visto, nos dois últimos "links" abaixo, tocando dois dos mais inspirados, entre tantos, momentos de Paulinho da Viola: "Só o Tempo" e "Tudo Se Transformou". Do consagrado sambista, o conjunto pinçou-lhe a essência chorona da sua formação (filho que é do saudoso César Faria, violonista do citado grupo de Jacob do Bandolim) para homenageá-lo - como faria depois com Cartola e Nelson Cavaquinho - num magnífico disco, de 1994, em que, entre as composições de Paulinho, se inseriu um mimo autoral deste para a ocasião, o "Maxixe do Galo". "Galo grisalho", torna Aldir à sua observação, "que continua cantando de teimoso, tinhoso, com os pés fincados no subúrbio feito um galo de cata-vento, rindo das aves de arribação". Galo não só da "resistência", mas também da inovação e do exemplo para jovens instrumentistas seduzidos pelo fascínio atemporal do choro. Galo Preto: o rei do terreiro nessa seara da MPB.               Um bom dia a todos. Grato pela atenção à dica.               Um abraço,                 Gerdal             Pós-escrito: a) o Galo Preto, conforme "flyer" abaixo, é a grande atração desta vez, 18 de setembro, do Sete em Ponto, no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes. Excelência musical quase de graça, ao alcance de qualquer mortal: ingresso a apenas R$ 1 (um real);.                     b) na foto, aparece um outro violonista, Bartolomeu Wiese, de longa permanência no Galo;                      c) nos "links" seguintes, com a rapaziada do conjunto: 1) "Sarambeque", de Ernesto Nazareth; 2) "Clássico Vovô", de Alexandre de la Peña e Afonso Machado; 3) "Só o Tempo", de Paulinho da Viola; 4) "Tudo Se Transformou", de Paulinho da Viola.                    http://www.youtube.com/watch?v=OXYUZMopI10&noredirect=1 ("Sarambeque")             http://www.youtube.com/watch?v=9916NYAIoQg ("Clássico Vovô")             http://www.youtube.com/watch?v=IPaPZ3_oYGU&feature=related ("Só o Tempo")             http://www.youtube.com/watch?v=ZTRYk5sL82Y&feature=relmfu ("Tudo Se Transformou")

4 comentários:

ze disse...


O Galeão devia se chamar Aeroporto Internacional Ernesto Nazareth.

( o 'niver do Liber está chegando )

LIBERATI disse...

Grande Ze, sumido, he he. Eu também sumi no meio de uma dissertação, cavando história. Pois é o Aeroporto do Rio poderia ter dois nomes, Tom Jobim e Ernesto Nazarateth, por que não? Ou ficar com o antigo nome de Galeão, que é bonito, assim como um aeroporto lá de Santa Catarina que se chama Navegantes...que nome bonito esse...Navegantes. Dizem que lá venta muito. Pois é logo logo ficarei mais velho. Abração!

ze disse...

Liber, vc sabe que ho-je faz 400 anos de são Luiz do Maranhão e d. Sarney fala disso na Folha ? diz que o vento levava fácil os barcos d'europa para lá - para ir pro sul demorava mais. o barco a vapor acabou com o trunfo, nas palavras do pai da nova república que acabou coma política café com leite. terra do santo António Vieira.da Balaiada a única revolução popular. s. Luiz era rei de França que vivia nos barcos para a Cruzada no séc. XIII, franciscano ele mesmo, santo, patrocinou o estado europeu em Jerusalém. é representado com a coroa de espinhos nas mãos, nas duas, segurando-a com as duas mãos. os espinhos é a corte mesma, os pecados todos, a rosa é a rosa.

LIBERATI disse...

Grande Ze, viva São Luiz então. O mundo é regido pelo movimento dos ventos. Rosa dos ventos.
grande abraço