10.11.07

Morre um dos inventores do Jornalismo Moderno


Este sábado é um dia muito triste. Morreu Norman Mailer , um dos maiores jornalistas que este planeta já teve. Era também bom de literatura, grande escritor. Deixou muitos livros na sua estrada (dizem que tinha muitas pensões alimentícias para pagar - fofoca da oposição). Entre suas obras estão, o romance "Barabary Shore", "Os Degraus do Pentágono"(onde narra as demonstrações contra a Guerra do Vietnam), "Os nus e os mortos"(um romance irado sobre a Segunda Guerra Mundial), "A Canção do Carrasco"( um tijolaço de mais de mil páginas com comovente relato da vida de Gary Gilmore que sacudiu os EUA na década de 70 por iverter o processo de sua punição ao ditar a forma como queria ser executado ), "Advertisements For Myself (vários ensaios), "Miami e o Cerco de Chicago", Exércitos da Noite", "A Luta" (em que descreve a lendária luta de box entre Ali e Foreman em Kinshasa, no Zaire,do então ditador Mobutu, que hoje se chama República Democrática do Congo), "Cartas abertas ao Presidente" (ensaios dirigidos a John F. Kennedy), "Os Durões não dançam" (que virou filme, acho que dirigido por ele mesmo). Escreveu também uma biografia reduzida de Marilyn Monroe e um outro tijolaço sobre o suposto assassino de JFK cujo título é "A História de Lee Oswald"... Foi um dos intelectuais (se é que se pode usar esse conceito de forma mais ampla) que expressaram a grande abertura americana dos anos 60 antes que os "red necks" tomassem conta do cenário. Tentou insistentemente entender os mecanismos do poder dos EUA e os corações e mentes de seu povo.
Ele estava com 84 anos e planejava um livro longo, o romance "O Castelo na Floresta" que retratava a infância de Hitler e foi suficientemente realista para dizer numa entrevista recente que sabia que não ia continuar esse livro. Numa entrevista ao Caderno Mais da Folha de São Paulo ele falou muito em Deus, acho que esperava encontrá-lo para uma extraordinária entrevista. O velho de barbas brancas então agendou o encontro para o dia 10 de novembro. E foi aí que os rins falharam e ele partiu para sua derradeira matéria abandonando na manhã deste sábado o Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque. Agora deve estar no meio da sua entrevista celeste, o "Criador" deve ter muita coisa a revelar...
Por um acaso,(estou metido numa pesquisa sobre eventos de 68) eu estava lendo "Miami e o cerco de Chicago" sobre os acontecimentos da Convenção Republicana que indicou Nixon e a Democrata que em 68 foi envolvida num quebra-pau sensacional em Chicago (entre as mortes de Bob Kennedy e Martin Luther King)(Vou tentar falar mais dele em outro post)

3 comentários:

Anônimo disse...

Uai, mudou o texto?
Este ficou melhor!
Mailer dirigiu filme? When? Where?
Pô, justo o livro que eu queria ler ficou inacabado? Nem uns capítulos?
Bem, agora ele está lá diante do Senhor a tirar dúvidas...

Sua tese se passa em 68? Visite o site do fotógrafo Evandro Teixeira. Vale a visita!

LIBERATI disse...

Pois é, querida Tinê, ficamos sem a continuação da biografia de Hitler contada pelo demônio, o que parece. Só teremos o livro que dá conta da infância do tirano.
Fiquei sabendo pelo Pontual, numa matéria da Globo que ele também fez um livro sobre Deus. Acho que um acerto de contas com o velho barbudo da Bíblia. Tradução por aqui quando?
Não sabemos ainda. Acho que agora que ele morreu vão publicar sua obra completa. Como ele tem muita coisa datada demais, a coisa de repente pode ficar complicada. Mas tem umas coisas dele que são geniais e deveriam entrar para o curriculo escolar dos jornalistas. O texto dele é uma aula, e ...bem, o estilo dele é que vai ser difícil de aprender, pois se trata de como funcionava a cabeça dele, a articulação da ironia, essa coisa de não acreditar na figura humana. Ele se decepcionou com muitas pessoas em que acreditou.

LIBERATI disse...

Ah Tinê, esqueci! Minha tese engloba 68, passa por, mas fica um pouco nesse ano. Afinal nele aconteceram muitas coisas e o reflexo delas aqui veio bater algum tempo depois.
Não tem nada a ver com o assunto, mas "On the road" uma obra beat demorou 25 anos para ser traduzida para o português do Brasil. Hoje, essa garotada toda da classe média fala melhor inglês do que português. Mas lie pouco e quando lê, é muito porcaria descartável.