9.11.07

Alguns jovens de 68 achavam Marcuse um chato


(Continuação da resenha sobre livro de Mark Kurlansky 1968- O Ano que Abalou o Mundo)
O autor fez um retrato bem documentado dos 12 meses que assistiram a uma multiplicidade de eventos que abalaram quase que
simultaneamente países díspares como EUA, Alemanha, a então Checoslovaquia, Polônia, México, Japão, Canadá, Egito, Espanha, Israel,
Itália, China, Vietnã, Nigéria e Biafra. Seu mérito foi mergulhar nas águas turvas das situações específicas dos países envolvidos no
redemoinho dessa época e tornar isso interessante para o leitor dos nossos dias. Há que se considerar que alguém que teve sua vida
próxima desses eventos está hoje com uma idade acima dos 50 anos. Embora não tenha conseguido fazer uma uma obra definitiva sobre
o período, Kurlansky chegou perto de uma versão satisfatória ao mapear e fazer um emocionado relato que consegue nos transportar para
o meio dos conflitos, sem ser nostálgico.

Por essas e outras, seu livro se constitui num ótimo roteiro para tentar entender esse ano que se transformou num mito da rebeldia
juvenil. Considere-se que a tarefa não foi nada fácil. Mas, com muita coragem, humor e pretensão, enfrentou o desafio de narrar um
movimento que ousou não silenciar, diante dos erros do mundo. Acompanhou a rebelião que unia diferentes grupos de acordo com
realidades de cada país onde explodia e se traduzia em alianças que se dissolviam no ar e táticas sopradas ao vento do momento. Cuja
meta parecia ser o de questionar as autoridades, contestar as instituições, revolucionar a cultura e a civilização.

Kurlansky apresenta um texto ágil, que vai entrelaçando as ações desses jovens petulantes que diziam só se conhecer pela TV, como
afirmou o irônico Daniel Cohn-Bendit em seu inseparável megafone. Que questionavam as verdades estabelecidas, ao mesmo tempo em
que derrubavam prateleiras, ocupavam universidades, organizavam sit-ins (protestos sentados) em frente a tropas policiais ou paravam
tanques com flores Uma agitação que se inspirou, entre outros, num filósofo como Herbert Marcuse, que algumas lideranças confessaram
não entender e achavam até chato.

6 comentários:

Anônimo disse...

Qui est-ce Marcuse?

A pegar o bonde andando, ou, como ir na contramão:
pensar que em 1968 minha mãe preocupada com os acontecimentos mundiais, para a filha tão novinha não desvirtuar do bom caminho (ram, ram), deu-me de presente um livrinho que guardo mais pelo gesto sentimental materno - "Pour un garçon de vingt ans", Seuil, 1966 [por cá, "Para um jovem de vinte anos", Laudes, 1968] de Pierre-Henri Simon.
Por temor a duas coisas: que eu virasse hippy ou, pior, "cumunista".
Mãe é mãe, o resto é filosofia... e antes isso do que um missal.

Anônimo disse...

Zahar, Eros e Civilização: Orfeu e Narciso (Pan morre junto e Eco também quando Narciso transforma-se em planta à superfície das águas, morre Pan de tristeza pois amava Eco, ninfa, que amava Narciso, amado por muitas, morre o filho de Hermes, Pan, o grande sátiro, e chora o céu inteiro), Eros e Thanatos. zé

Anônimo disse...

J'accuse!

Depois dizem que tem gente etérea a transitar por cá...

ZÉ, antes morrer num espelho d'água do que levar um jato d'água nas fuças ou ser atropelado por um tanque com uma florzinha na mão.
Este livro "Eros..." era um 'cult'.

LIBERATI disse...

No es muele! Vocês hoje estão com la cuerda toda! Madonna mia! De qualquer forma, aguardema continuação da resenha sobre o "ótimo" livro de Kurlansky.
Um abração para vocês (Tinê e Zé)

Anônimo disse...

Eudoro de Sousa, morto em 1987, ajudou a fundar a UnB é grande filósofo brasileiro, com vários livros em filosofia antiga, grega mesma; lia agora um deles e expunha Orfeu Teólogo na Filosofia. Mistagogo mesmo o DOno da Lira que é constelação, Músico, cantava as iniciações. Tinê, quer dizer que é cult? merece o livro ser cult. zé

Anônimo disse...

Caro Liber, eu sei que o livro do Kurlansky é "ótimo" mas minha cabeça está noutras esferas, algumas cinéticas, outras musicais, outra literária cujo assunto está a 180º oposta, e assim não consigo pensar:
eu não sei assobiar e chupar cana ao mesmo tempo; mas leio tudo, tim-tim por tim-tim! Até interrompi a deliciosa notícia do "Cala Boca" real-madrileño... (rssssss)
Aguardo o capítulo seguinte de sua boa resenha.
'Ba noite!