9.12.07

Fragmento do dia

Alma Revolta
É isso aí, meu irmão
Eu vou de novo
Não dou mole não
Não sou gato, mas sou parente
Sempre vou de novo
Apesar de machucado
Alegre e contente
Abre alas, por causa de que
Vou em frente, vou em frente
Vou em frente
(Grande Othelo em "Bom Dia, Manhã" - Editora Topbooks)
Nota da Redação: Em 1993 Luiz Carlos Prestes Filho me procurou e me pediu uma capa para um livro de poemas e canções de Grande Othelo.(Luiz Carlos foi o organizador da coletânea). Fiz com muito prazer e fui ao lançamento com minha filha que era uma criança e gostava muito dele. Estave lá uma fotógrafa que já tinha trabalhado na mesma redação que eu e que fez umas fotos da gente com o Grande, mas passados alguns dias, disse que perdeu os negativos. Fiquei triste. Pouco tempo depois Grande Othelo ganhou um prêmio no Festival de Brasília - uma viagem a Paris. Foi todo contente e ao descer do avião, nos abandonou. O curioso é que em seu livro tem um poema cujo título é "Não, eu não vou a Paris"!

4 comentários:

TS disse...

Não sabia que o G.O. foi poeta.
Toda vez que penso nele lembro da cena do enterro de uma criança na favela, no filme Assalto ao Trem Pagador, ele bêbado, diz :
"quando uma criança morre no morro, todo mundo devia cantar! pois é menos um para viver nesta desgraça."
Ou então na cena engraçadíssima dele bêbado a cantar "eu quero essa mulher assim mesmo... descabelada..."

Negativos perdidos sempre trazem tristeza; perdi uns de um circo que nunca mais serão refeitos, pois as pessoas se foram, as cenas morreram.

Mas a gente tem que ir em frente.
G.O., veja você, realizou o seu sonho, acabou em Paris, que chique!

LIBERATI disse...

Pois é, cara Tinê, o Grande Othelo também era poeta e fazia letras de músicas com vários parceiros. Nele sempre vi algo de trágico, no sentido grego da palavra. Alguma coisa nele ia além do risível. Esse caráter trágico foi bem explorado quando ele encarnou o compositor Espírito da Luz Soares, compositor que vende seus sambas pra sobreviver no filme "Rio Zona Norte"(em P&B do começo do cinema novo ) .O filme é de 1957, do genial diretor Nelson Pereira dos Santos (agora imortal da Academia e tudo mais). O filme precisa ser visto e revisto e reavaliado. Nele está o embrião do que iria ser feito no cinema e na TV quando se fala de pobre , favela essa temática trágica do nosso subdesenvolvimento urbano. Espírito da Luz Soares, por exemplo revive hoje no personagem João da Feira da novela de Agnaldo Silva,(Duas Caras). João é também um compositor de grande talento que vê sua música ser roubada por um produtor inescrupuloso. É o eterno retorno. Chacrinha dizia que "em Televisão nada se cria, tudo se copia", mas a crítica a Agnaldo Silva fica para a nossa vizinha chavista, eu que não vou me meter nessa roubada! A princípio acho que Agnaldo faz uma homenagem ao Grande Othelo e ao Nelson quando reviveu esse personagem que creio está mais na realidade do que na ficção. O que tem de compositor bom aí que não foi descoberto pela mídia é uma grandeza!
Bom domingo

Anônimo disse...

Liberati, valeu a conversa. Vou ver se consigo ir em frente também como G.O. zé

LIBERATI disse...

Caro Zé, o negócio é seguir o poema do Grande Othelo!
Um abraço