14.12.07

Fragmento do dia

"Está totalmente desagregado aquilo que se chamou um dia Mário d'Andrade: partículas neuronais, estruturas ósseas, músculos estomacais, artérias e veias, vísceras depurativas, pele, pelo. Ou seja, todo o combativo Mário se transformou em moléculas a varejo no supermercado das transmutações materiais, átomos dispersos na economia química, fótons reecheados de vigorosa ou débil energia cósmica.
Pensemos, porém, matematicamente: se cada molécula do corpo desagregado desse Mário d'Andrade constituir, por hipótese, um fenômeno vitar mariodrandádico completo, com todas as funções máricas preservadas, quantos serão aqueles minúsculos seres vivos a que se poderá chamar de Mário d'Andrade, e que participação intelectual ativa desempenharão ainda em nossa vida cultural, ou pelo menos física?"
(Início do Capítulo Semana de Arte Moderna em "História do Brasil (Novos Estudos Sobre Guerrilha Cultural e Estética de Provocaçam)" de Sebastião Nunes - Edições Dubolso/Mazza - 1992)

4 comentários:

Anônimo disse...

Dele, Mário De Andrade, tenho o "Banquete". Inacabado. E alguns ensaios sobre música popular. Artesanatos melódicos. Mas na Semana de Arte Moderna de 22, o outro, Oswald, teve mais peso... Questão 'andrádica'.

LIBERATI disse...

Cara Tinê, precisa conhecer os escritos de Sebastião Nunes, esse cara é um gênio que se refugiou em Sabará. Outras obras dele "Somos todos Assassinos" (1980/81)
"Antologia Mamaluca"- vol 1 (1988)
"Antologia Mamaluca"- vol 2 (1989)
Além de escrever de forma magnífica ele faz tudo: programação visual, composição, ilustração, arte-final
Essas três últimas obras eu não tenho.
Bjs

Anônimo disse...

Ou seja, Sebastião Nunes é um "aspone" nas artes. rsrs

É ruim ilustrar os próprios textos, é como um médico atender à própria esposa.

Sabará é uma pérola histórica; com jeitão de aldeola... um relógio sem ponteiros... pedra-sabão para todo lado...

Vc tbm precisa se refugiar nalgum canto mineiro... já reparou como tem cometimento poético por estas bandas?

Mameluca tem a ver c/ mamelucos?

Vou me inteirar das antologias deste autor.

Anônimo disse...

Congonhas que tem os profetas em pedra sabão, né! que coisa! Estátuas de doze profetas na porta de uma Igreja: grande porta! Da pra ficar a vida toda de pé nela como um rishi no Himalaia. Legal a Antologia Mamaluca. zé