Em fins de outubro, como sabem, o universo do samba perdeu uma de suas maiores inspirações: Luiz Carlos da Vila. Se nesta vida alguns "vão tarde", de Luiz Carlos pode-se dizer o contrário: foi cedo demais. Pela pessoa que era, pelo compositor que se fizera. Dele, afora os sucessos de massa, ressalto dois sambas formidáveis e não tão lembrados, do meu especial agrado: "Solidão e Gás", cujo verso final sugere curiosa ambigüidade (ah, se eu tivesse gás...), feito em parceria com Adílson Victor, e, na tabelinha com Paulo César Feital, um golaço, "Carvão e Giz", que, a meu juízo, tem interpretação definitiva da paranaense Carmen Queiroz, há muito radicada em Sampa. Ressalto ainda o recente e primoroso "Retemperar", que tem segunda parte de Luiz Carlos para a primeira de um jovem talento, Leandro Fregonesi, razão de ser desta dica. Divulgando faixas do segundo e cativante CD, "Festa das Manhãs", numa carreira de cinco anos trilhada com coerência e acerto na cadência bonita do samba, Leandro se apresenta hoje, 12 de dezembro, às 22h, na Lapa ("flyer" acima). Um bom programa de música popular, a cujo roteiro certamente não faltará o "Retemperar", que está no disco do rapaz e vale a pena ser ouvido e conhecido. Também em intenção da "ausência" de Luiz Carlos e da presença de Leandro, pois a fila anda e o samba se recicla e se revigora, "luz de eterno fulgor numa chama que não se apagou nem se apagará..."
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.
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