6.12.08
Dica do Gerdal: Wilson Moreira - 7.2
Pouco citado como um bairro musical - onde nasceram e/ou viveram o percussionista Robertinho Silva, o violonista Neco (Daudeth Azevedo) e seu irmão compositor Adílson Azevedo (parceiro de Orlandivo em "Bolinha de Sabão"), o sete-cordas Darly Louzada, a cantora Jurema e o cavaquinhista Waldir Caciporé, por exemplo -, Realengo é também berço e lugar de criação de Wilson Moreira, compositor de genial intuição para a melodia, mormente do samba, em cuja figura a brandura e o talento se irmanam em doses avantajadas. Levado, bem moço, por Paulo Brazão para a ala de compositores da então nascente Mocidade Independente de Padre Miguel, nos anos 50, Wilson, ainda do período nessa escola, teve, em 1975, um de seus sambas de terreiro, "Antes Assim", gravado por Leny Andrade e, recuando no tempo, em 1968, a convite do todo-poderoso Natal, ingressou no escrete de compositores da azul-e-branco de Madureira, recebido por Picolino, presidente da ala, e tornando-se parceiro de Candeia. Aliás, a bem-sucedida participação de Wilson em discos da série "Partido em Cinco" - com os demais portelenses Anézio do Cavaco (depois ligado à Beija-Flor), Velha, Casquinha e o próprio Candeia - ensejou ao popular Alicate (apelido dado por Xangô da Mangueira) o convite do produtor Adelzon Alves, conhecido na época como "o amigo da madrugada", para, em 1974, num ótimo pau-de-sebo da Odeon intitulado "Quem Samba Fica", gravar duas faixas ("Mel e Mamão com Açúcar" e "Meu Apelo"), num disco em que também mostravam preciosidades Dona Yvonne Lara, Casquinha, Flávio Moreira e Sidney da Conceição - este um bamba do Estácio e pintor "naïf", autor do quadro reproduzido na capa do elepê..
Um capítulo à parte na trajetória de Wilson Moreira é, sem dúvida, o encontro dele, então funcionário do Desipe, onde trabalhou por muitos anos, com o advogado Nei Lopes, que, num prédio da Rua Santa Luzia, trabalhava ainda na produção de "jingles" com outro talento, Reginaldo Bessa. Coube a Délcio Carvalho, segundo palavras do próprio Wilson em entrevistas, promover essa aproximação dele com Nei, a qual deu um tremendo caldo - inicialmente ensopado, como nos festivais do gênero na casa da família de Nei Lopes, em Irajá, onde surgiu "Leonel, Leonor", gravada por Roberto Ribeiro, a primeira de uma série louvável de composições da dupla, como "Senhora Liberdade", "Gostoso Veneno", "Deixa Clarear", "Sandália Amarela", "Coisa da Antiga" e "Ao Povo em Forma de "Arte" (samba-enredo do tempo em que ambos passaram pela Quilombo) etc.
Amanhã, 7 de dezembro, a partir das 15h, no Tabuleiro da Baiana (filipeta acima), em Botafogo - Av. Carlos Peixoto, 140 (sobre o Túnel Novo), tel.:2295-7015 -, com participação especial de uma nova e excelente cantora, Luísa Dionízio, esta glória do nosso samba, Wilson Moreira, comemorando 72 primaveras, será homenageado. O nome dele pesa na balança. Temos de estar presentes.
Um bom fim de semana a todos. Muito grato pela atenção à dica.
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