Data redonda no mundo do samba: em show, hoje, 12 de março, às 20h, no Parada da Lapa (Rua dos Arcos, s/n), Delcio Carvalho comemora 70 anos de idade. Ainda há pouco, ouvindo um de seus menos conhecidos parceiros, Adeílton Alves (de voz bem parecida com a do pai, um miraiense famoso e de duas outras datas redondas em relação ao ano atual: nascido em 1909 e morto em 1969) cantando, num compacto duplo da Copacabana, de 1977, dois sambas de ambos, o romântico "O Travesseiro" e e o contestador "O Samba e Seus Mistérios" ("certo é que o samba/antigamente era vadio/provocava desafio/era uma contravenção..."), pensei na rica trajetória descrita por esse admirável campista, cuja carreira, iniciada na década anterior, na cidade natal, como cantor, é espelho de uma das mais homogêneas atuações na MPB em matéria de qualidade e beleza. Da parceria mais constante e bem-sucedida - com Dona Yvonne Lara, em "Sonho Meu", "Minha Verdade" e "Doces Recordações", por exemplo - à mais recente - com o admirável percussionista Joca Perpignan - de dois belos sambas mostrados há pouco em show no Centro Cultural Carioca -, passando por várias outras de grande valor, pode-se entender, com nitidez meridiana, na extensão desse rosário musical - não apenas de sambas -, por que, "sem jogar pra torcida", como afirmou o jornalista Luiz Fernando Vianna, Delcio Carvalho tem escalação garantida "no primeiro time do samba de todos os tempos". Ou, como diria Mestre Marçal, "comendo o mingau pela beirada do prato", com discrição e sem afobação, como é do seu natural.
Batendo um bolão ora na letra, ora na melodia, desejo ao craque Delcio Carvalho muitos anos de vida e inspiração, com saúde, agradecendo ao amigo Reginaldo Bessa, outro dos valorosos parceiros dele, a transmissão da boa nova, que divido com vocês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário