24.5.09

Zé Renato e as lindas canções



Tudo começou numa comemoração na casa de minha filha, no ano passado. Um CD tocava ao fundo do bate-papo animado da festa e eu de repente me transportei na voz e na música que saia dos alto-falantes no meio de outros "alto- mais - falantes" que discutiam vários temas na sala. Eu confesso que ando sempre deslocado do que está acontecendo no mundo musical - e cada vez mais achando que não está acontecendo nada de novo porque o sistema apostou as fichas no pior, deixando de lado talentos raros e novos da MPB. No meio da minha viagem musical, já distante da festa, perguntei à minha filha quem era aquele cara que cantava aquelas músicas da jovem-guarda de forma moderna e tão bonita. Ela respondeu com bastante intimidade : - É o Zé Renato.
Caramba, minha filha é uma garota, não é da geração que curtiu o Boca Livre! Zé Renato começou sua carreira em 1977 no grupo "Cantares", quando ela nem era um esboço de um projeto de gente !!!! ??? E mais, a jovem-guarda deveria ser para ela uma espécie exposta num Museu de novidades. Bem, isso não vem ao caso, ela tem um gosto musical variado, curte pesquisar novos e velhos sons e pode tanto gostar de Bidu Sayão, como do último punk da periferia.
O que quero dizer é que hoje, passados alguns meses, resolvi ouvir esse CD - no meio de uma dura batalha contra os livros sobre a Globalização, neoriberalimo, estas mierdas e tentando entender as razões de como poderosas corporações conseguiram desempenho tão ruim na economia americana a ponto do Estado entrar na jogada.Essa crise que eu chamo de crash da farra do capitalismo financeiro, contradiz de certa forma todo aquele bla bla bla , todo aquele panegírico (não seria melhor panejerico?) da Sociedade de Informação e da importância estratégica da Tecnologia de Informação somado ao fabuloso sistema de comunicações que encontrei nos livros. Esse aparato todo não funcionou na hora do terremoto? Ou teve jogada? Tanta tecnologia para não captar os sinais que vinham como uma tsunami e não uma marolinha!!!??? E os analistas econômicos, andam sempre atrás do trio eletrônico. Só falam da crise depois que o elefante quebrou os cristais da sala da classe média???? Vou esperar o próximo filme do Michael Moore que diz que vai desmontar a patranha...Já estou eu me desviando do tema. O que a acontece é que ouvi maravilhado, aquele CD do Zé Renato -" É tempo de Amar" e o disco não para de tocar aqui em casa .
O CD é feito, como já disse acima, de lindas canções da jovem-guarda - aquelas simples canções que ele interpreta de maneira magnífica - com muita classe. No site de Zé Renato, (http://www.zerenato.com.br/) descobri um artigo do Nelson Motta que diz que a idéia desse disco foi dele : "Zé me pediu sugestões para um próximo disco e, com a bola quicando na área, chutei em gol: ah, faz um disco inteiro de grandes músicas da jovem guarda com esse tratamento instrumental e vocal sofisticado." (Leia o artigo inteiro no site do Zé que vale a pena) Ah, tem mais: na faixa "Eu Não Sabia Que Você Existia" rolam os auxílios preciosos de um violoncelo de Morelenbaum e da voz suave de Nina Becker que em dueto com Zé faz os corações se derreterem de emoção.
Pois então: só para dar uma idéia vou botar aqui a relação das faixas do CD:
1. É Tempo de Amar (Pedro Camargo / José Ari)
2. Coração de Papel (Sérgio Reis)
3. Eu Não Sabia Que Você Existia (Renato Barros / Toni)
4. Por Você (Vinicius de Moraes / Francisco Enoé)
5. Lobo Mau (Ernest Mareska / versão Hamilton di Giorgio)
6. Com Muito Amor e Carinho (Chil Deberto / Eduardo Araújo)
7. Não Há Dinheiro Que Pague (Renato Barros)
8. Nossa Canção (Luiz Ayrão)
9. Quero Ter Você Perto de Mim (Neneo)
10. Ninguém Vai Tirar Você de Mim (Hélio Justo / Edson Ribeiro)
11. Custe o Que Custar (Hélio Justo / Edson Ribeiro)
12. O Tempo Vai Apagar (Paulo César Barros / Getúlio Cortes)
13. A Última Canção (Carlos Roberto)
É uma beleza, o Botafogo pode até perder que não me incomodo!

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