3.6.09

Dica do Gerdal: Paulo César Pinheiro, usina de inspiração na MPB, é tema de livro que será lançado nesta quarta


Quando a poesia veio ao seu encontro, Paulo César Pinheiro, embora adolescente, já estava de malas prontas e cartão de embarque timbrado para empreender a sua viagem singular na história da MPB. Singular, em suma, por dois aspectos gemelarmente entrosados: o qualitativo, pois tudo o que escreve é, no mínimo, "do cacete" -, e o quantitativo, neste sendo o nosso compositor com o maior número de músicas feitas, gravadas e o de maior número de parceiros (entre os quais "ele mesmo", como no CD, todo seu, "O Lamento do Samba") e, quiçá, parceiras, como já conjecturou em entrevista. Nascido em Ramos, mas criado em São Cristóvão, Paulo César Pinheiro, nas férias escolares, ia para a casa do avô pescador - a quem dedicou o seu quarto livro, "Clave de Sal" -, em Angra dos Reis, onde, curiosamente, conheceu um ainda acordeonista João de Aquino, o primeiro parceiro e futuro vizinho no Bairro Imperial. Tinha ele, Paulo, 14 anos de idade quando, na garupa leve de um tempo macio - um tempo ainda não adulto -, escreveu os versos do primeiro cartão de visita da sua lira, seduzindo o já consagrado Baden Powell, 12 anos mais velho, primo de João da Aquino, para outras viagens de beleza musical, até mesmo percorrendo o mágico território dos afro-sambas, como em "Lapinha" (vencedora da Bienal do Samba na voz de Elis Regina, em 1967, e, há poucos anos, lindamente regravada pela baiana Virgínia Rodrigues) e "Besouro Mangangá" (muito bem gravada, em 1972, por Eliana Pitmann), ambas inspiradas em Besouro Cordão de Ouro, que o fascinou e de que Paulo César Pinheiro tomou conhecimento lendo as páginas de "Mar Morto", de Jorge Amado. Por meio desse célebre capoeirista, Paulo César Pinheiro levou o seu poder da criação ao teatro, em 2007, mais um foco, em sua obra, daquela luz que chega de repente, com a rapidez de uma estrela cadente, que tanto já lhe acendera mente e coração na música popular e na poesia feita para o livro, como em "Atabaques, Violas e Bambus". É desse carioca arguto, sensível, intenso e caudaloso que trata o livro "A Letra Brasileira de Paulo César Pinheiro - Uma Jornada Musical", escrito após longos anos de pesquisa pela jornalista paraense Conceição Campos, esposa do bandolinista Pedro Amorim, um desses tantos parceiros suprarreferidos, com o qual o biografado terá, em breve, composições inéditas cantadas em disco pela jovem e promissora Ilessi, incluindo afro-sambas. Lançamento hoje, 3 de junho, das 19h às 22h, na Livraria DaConde, no Leblon ("flyer" acima).
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.

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