Como diria o finado Mestre Marçal na sua curiosa forma de expressão, a cantora, compositora e violonista Ana Costa vem provando o mingau pela beirada do prato, portanto conduzindo a carreira sem afobação, consciente do próprio valor e das próprias possibilidades de êxito. Batendo perna na estrada musical desde os bares suburbanos dos primeiros baticuns, também como "crooner" em animação de bailes, passou pelos conjuntos Coeur Samba e O Roda, até atingir, no atual CD, com boa mira e pontaria, os novos alvos da reformatação sonora da sua música, sem burlar a essência do samba fincado na tradição, fio condutor do seu trabalho. Há vários anos, ela, juntamente com o cantor e percussionista Oswaldo Cavalo, é atração fixa do Carioca da Gema, concorrida casa de bamba na Lapa, e tem no padrinho artístico Martinho da Vila a sua principal influência, um homem de mente aberta no qual se espelha para transitar com liberdade nos domínios hospitaleiros do samba, sem disritmia.
Revelação do Quinto Prêmio Rival Petrobras de Música, em 2006, participou no ano seguinte da cerimônia de abertura dos Jogos Pan-americanos, cantando para 90 mil pessoas no Maracanã, afora milhões de outras pela tevê, na transmissão ao vivo. No entanto, nesta quinta, 4 de junho, sem tanta gente no Vivo Rio - Na Varanda ("flyer" acima) -, Ana Costa reencontra-se no olhar inteiro de si mesma pelo bom samba carioca-da-gema que sempre fez e cantou, ao qual os novos alvos de sonoridade visados, até mesmo o da balada pop, a trazem de volta. Na faixa-título, ela canta: "Quem viver verá meus sonhos/mudando todos os planos/e voltando pro mesmo lugar." Esse lugar recorrente, no caso dela, tem nome: qualidade. Ana Costa entende do riscado musical, sabe o que faz.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção à dica.
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