14.8.09

Dica do Gerdal : Aluísio Machado canta, hoje, em Madureira - o paticumbum campeão revisto na vitrine original


"Enfeitei meu coração/de confete e serpentina/minha mente se fez menina/num mundo de recordação/abracei a coroa imperial/fiz meu carnaval..." E quem, em 1982, abraçou a coroa imperial, sob sol a pino, atravessando o asfalto "sagrado" da passarela do samba no ritmo da bateria, fez seu carnaval inesquecível, que jamais se apaga da lembrança. Um tempo em que todas as grandes escolas ainda se exibiam no domingo, e o Império Serrano, fechando a tampa do desfile, quase ao meio-dia, veio arrebatador, solto, criticamente alegre, com um enredo - antes intitulado "Praça XI, Candelária e Marquês de Sapecaí" - muito bem desenvolvido por Rosa Magalhães e Lícia Lacerda a partir de ideia sugerida por Fernando Pamplona. Um triunfo onomatopaico da escola de Madureira (a expressão "bumbum paticumbum prugurundum" fora usada pelo pioneiro Ismael Silva para definir o som da batucada), para o qual concorreram com brilho fundamental Aluísio Machado (foto acima) e Beto sem Braço, os autores do clássico samba-de-enredo, "anima e cuore" daquela apresentação. Estandartes de Ouro naquele ano, bisariam o feito no ano seguinte, com "Mãe Baiana Mãe", e, sempre pelo Império Serrano, Aluísio Machado abiscoitaria outros dois Estandartes ligados aos seguintes enredos: "Eu Quero", em parceria de Luiz Carlos do Cavaco e Jorge Nóbrega, em 1986, e, dez anos depois, por "Império Serrano, Um Ato de Amor", na companhia de Arlindo Cruz, Acyr Marques e Bicalho. É no Império Serrano o compositor vivo que mais venceu na disputa de samba-de-enredo, com exceção dos saudosos Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola.
Nesta sexta-feira, 14 de agosto, às 20h, no Sesc Madureira - Rua Ewbanck da Câmara, 90 - tel.: 3350-7744 -, Aluísio Machado vai lembrar esses e outros belos sambas, também os feitos ao largo da motivação momesca, em mais uma etapa realizada do projeto Vitrine Musical. Certamente contará algumas histórias curiosas que o envolvem, como a do tempo em que, desenvolto no bailado, ainda passava pela avenida paramentado como mestre-sala, evoluindo com um lenço na mão no qual anotava o seu telefone. Durante o desfile, se via alguma foliona que lhe interessasse, jogava o lenço na direção dela. A moça pegando o lenço, naturalmente, era um bom sinal, e, assim, pôde desfrutar, em alguns carnavais, de prazeres "hors concours". Parte da trajetória dos seus 50 anos de carreira é contada com descontração por ele - num botequim em frente à Casa dos Artistas, em Jacarepaguá, onde reside - em "O Famoso Aluísio Machado", produzido pela Vira-lata Filmes. Vale a pena ver o documentário sobre esse compositor de nome já inscrito com destaque no livro de ouro da história do carnaval brasileiro. "O nosso samba, minha gente, é isso aí."
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção à dica.

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