13.8.09

Dica do Gerdal: Teca Calazans dá voz à música de Jayme Florence e Maurício Carrilho, hoje, na Tijuca, em show de bela impressão


Morando há muitos anos em Paris, a exemplo da cantora acreana Nazaré Pereira e do cantor e compositor cearense Celinho Barros (também conhecido como uma espécie de Professor Pardal dos instrumentos por inventar, entre outros, o contraviolão, híbrido de violão e contrabaixo), e, como ambos, forte propagadora da nossa canção popular mais autêntica no exterior, Teresinha João Calazans, a nossa desbravadora Teca Calazans, está de volta ao Rio e se apresenta, nesta quinta-feira, 13 de agosto, às 19h, no Centro Municipal de Referência da Música Carioca ("flyer"acima). Nascida no Espírito Santo, mas culturalmente moldada em Pernambuco, para onde foi, aos 12 anos, com a família, Teca Calazans, antes de se destacar, nos anos 70, na capital francesa, no duo que fez com o ex-marido Ricardo Vilas, tomara parte, na década anterior, de uma ação cultural de alto relevo social no seu Recife adotivo. Componente do MPC (Movimento Popular de Cultura), que desenvolvia uma linha de ação artístico-cultural voltada para a população carente do Estado, pôde percorrer o Leão do Norte, de gravador portátil em punho, registrando a riqueza de um folclore - coco, bumba-meu-boi, nau catarineta... - que então descortinava. Deteve-se, em particular, nas cirandas, como a de Lia de Itamaracá, ritmo presente em "pot-pourri" na gravação do seu primeiro disco, em 1967, um compacto simples pelo selo Rozemblit. "Jornada de um Imbecil até o Entendimento", montada pelo Teatro Opinião, é uma das várias peças em que Teca atuou com atriz, já vivendo, na antiga capital federal, um "métier" abraçado antes do canto, por insistência de um amigo, o diretor de teatro Luiz Mendonça. O MPC, cujo funcionamento lembrava o de uma universidade popular com vários núcleos de atuação, seria o embrião, em Recife, do grupo Construção, no qual teve, por exemplo, como colegas de nova empreitada cultural Geraldo Azevedo e Naná Vasconcelos
Gravando ora com o violeiro Heraldo do Monte um encantador CD da Kuarup, de 2003, ora com o violonista Nenéu Liberalquino outro encantador registro, "Alma de Tupi", quatro anos antes, numa extensa e primorosa discografia, e participando, no palco, de espetáculos bem-sucedidos, como "Mário Trezentos, 350", projeto de Hermínio Bello de Carvalho, em 1983, pelos 90 anos de Mário de Andrade e viabilizado sob a direção de Tulio Feliciano, Teca vai, logo mais, no CMRMC, na Muda, lançar aqui o seu mais recente disco, gravado pela CPC-Umes. Com o chamado auxílio luxuoso de Maurício Carrilho e Paulo Aragão (violões), Pedro Aragão (bandolim), Rui Alvim (clarinete), Ana Rabello (cavaquinho) e Marcus Thadeu Conceição (pandeiro), canta as músicas de "Impressões de
Maurício Carrilho e Meira". Jayme Florence, pernambucano de Paudalho e autor de joias como "Aperto de Mão" (em parceria com Augusto Mesquita e Horondino Silva), foi professor de violão de Baden Powell, Raphael Rabello e do próprio Maurício Carrilho, ao passo que este "carioquinha" da Penha, que desistiu da medicina em favor das cordas do seu instrumento e é professor da Escola Portátil de Música, terá no roteiro do show, realçada, a sua parceria com Paulo César Pinheiro gravada por Teca no referido CD. Maurício é filho de Álvaro Carrilho e sobrinho de Altamiro Carrilho, dois flautistas; logo, filho e, especialmente, sobrinho de peixe, nas águas - neste caso - cristalinas do provérbio.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção à dica.

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