27.8.09

Dica do Gerdal: Homenagem ao sonoplasta Geraldo José, 80 anos, nesta quinta, no Museu de Arte Moderna


Segue, excepcionalmente, entre tantas dicas que envio, sem nenhum fim lucrativo, para ajudar a divulgar a boa MPB, uma dica de média-metragem (52 minutos) que poderá interessar, em particular, àqueles cinéfilos existentes entre os nossos cantores, compositores e instrumentistas. Hoje, 27 de agosto, às 18h30, no Museu de Arte Moderna (MAM), será exibido o documentário "Geraldo José - O Som sem Barreira", dirigido por Severino Dadá ("flyer" acima). Geraldo José, que ontem completou 80 anos de idade, é meu pai e, ainda hoje, mesmo aposentado há muitos anos, é o nome mais atuante da história do cinema brasileiro, como técnico, atrás da câmera, como Wilson Grey, embora falecido, ainda o é diante dela. Som é a palavra-chave que, por décadas, animou o meu velho no sentido de um trabalho digno e benfeito, numa trajetória profissional que, começando, em 1946, na Rádio Tupi (RJ), como contra-regra, e passando pela TV Globo, por vários anos (sonorizando novelas e minisséries, como "Grande Sertão Veredas", com direção de Walter Avancini), pelo teatro (várias peças) e pela música popular (por exemplo, ruídos para a coleção infantil Disquinho, produzida por Braguinha, e para sambas de breque de Miguel Gustavo gravados por Moreira da Silva), teve no cinema, tanto em filmes intelectualizados como em filmes meramente comerciais, de acordo com a orientação político-filosófico-estética dos diretores com os quais trabalhava, a sua colaboração mais efetiva e constante. Vale a pena ver esse documentário não apenas por resumir, em larga medida, uma cinebiografia, a história de um homem comum que se destacou, com aplicação e engenho, na atividade que abraçou, mas também para que os interessados tenham ideia de como se desenvolvia no país, numa fase de produção quantitativamente forte, um ângulo da realização de filmes - a sonoplastia - sem as facilidades hodiernas trazidas pelo avanço da tecnologia.
              Sendo eu um aficionado da MPB e apreciador da boa integração entre ruído e música em atrações de rádio, cinema e tevê, aproveito a ocasião para fazer uma lembrança pessoal, carinhosa e de admiração, de músicos e compositores com os quais meu pai pôde trabalhar e dos quais se tornar amigo - até mesmo de longa data: Waltel Branco, Dori Caymmi, Geraldo Vespar, Guio de Moraes, Roberto Nascimento, Eustáquio Sena, Chico Batera e Dario Lopes (estes ex-produtores musicais da TV Globo, com os quais meu pai, naquela "fábrica de doidos", não raro passou noites em claro sonorizando programas da emissora), Sérgio Ricardo, Pedro Camargo e Ruy Guerra (ambos de presença "anfíbia", na música popular e na direção de filmes), Alceu Valença (ator em "A Noite do Espantalho", de 1974, de Sérgio Ricardo. Aliás, lembro-me, na minha adolescência, desses talentosos Alceu Valença e Geraldo Azevedo, lá em casa, no Bairro de Fátima, antes do sucesso a que merecidamente chegariam, mostrando músicas, como "Talismã", do primeiro elepê que fizeram, em dupla), Remo Usai, Jards Macalé, Zé Rodrix (fazendo trilha para comédia erótica de Carlos Imperial; este, uma figura, visitando-nos numa casa de vila onde morávamos, em Botafogo, com  a sua inseparável cadela, a Fresca), Durval Ferreira (na extinta Somil), Dom Salvador e o parceiro letrista Marco Versiani, Renato Andrade (que, por várias vezes, nessa mesma casa de vila, divertiu-nos com a sua viola e os seus "causos'), Fernando Lona (tão cedo falecido, autor, com Geraldo Vandré, de uma joia de marcha-rancho, "Porta-Estandarte"), os pianistas Édson Frederico (no teatro, numa comédia de Agildo Ribeiro) e Sérgio Sá (fazendo trlha para filme dos Trapalhões), David Tygel (também no cinema) e "tutti quanti". Na menção destes, sintam-se todos, especialmente os não citados por falha momentânea de memória - são muitos -, envolvidos por essa minha carinhosa lembrança. Nesse octogésimo aniversário do Geraldo José, reitero agradecimento especial ao compositor e escritor Nei Lopes pela generosa inclusão - até mesmo com foto - do nome do meu pai na sua "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Negra", obra fundamental de referência e de fôlego.     
            Desculpem-me de linhas tão longas para uma dica concernente a alguém da minha família, de quem muito me orgulho por ser como é. Valeu, Luís Alberto, o envio do "flyer", que me surpreendeu. A todos, desejo um bom dia, com o meu obrigado pela atenção dispensada.
 

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