11.9.09

Vizinha chavista elogia Caminho das Índias e Oliver Stone


Desta vez fui eu que telefonei para o spa onde minha vizinha chavista está internada, se recuperando da guerra televisiva entre a Globo e a Record.
Disse a ela que estava com saudades das suas críticas. Que "Caminho das Índias" terminava hoje e nós não podíamos ficar sem a sua última crítica. Falei pra ela que constatei com meus próprios olhos e ouvidos que a terra uma dia há de comer, que a novela foi um sucesso estrondoso. Meu depoimento foi tão veemente que percebi um leve lacrimejar, do outro lado da linha. Contei o que ouvi, quando estava no meio daquela multidão que disputa os quibes e esfihas da Lanchonete "libanesa" da galeria do Largo do Machado - era um frase, ou o fim de uma frase: -"...é aquela naja ! Não, não é a naja novinha da Surya, é daquela naja velha que eu estou falando!" Virei minha cabeça nebulosa para o lugar de onde vinha aquele papo "indiano" e vi que eram três mulheres de meia idade - provavelmente na hora do almoço- que discutiam animadamente assuntos relativos à intimidade do serpentário da famíla Ananda. E falavam especificamente de "mamadi", a mãe do conservador Opash.
-Pois é meu filho, essa novela apesar de "esculhambar" (na boa) a Índia e seus costumes, caiu no gosto popular. Tudo por causa da competência da Glória ( ela se refere a "novelista" ( ou será noveleira?) Gloria Perez- minha vizinha chavista tem por hábito chamar as celebridades pelo primeiro nome).
-Glória é realmente muito boa nesse negócio de novela, menino! Palmas pra ela e para o elenco da novela, e por tabela para a emissora, a grande Rede Globo, que um dia nós, do movimento bolivariano da zona sul, ainda vamos tomar e transformar numa produtora exclusiva de novelas para atenuar o sofrimento dos nossos companheiros cubanos.
Falando em Cuba, estou na verdade, me preparando para ver o documentário que o Oliver Stone fez sobre o nosso líder - o Presidente Chávez. Dizem que é muito bacana, que ele mostra comos os poderosos dos EUA tentam esculhambar os verdadeiros líderes na nossa sofriada América Latina, o quintal deles..

Perguntei se ela vai assistir à nova novela de Manoel Carlos.
-Se ele vier de novo com esse negócio de"novela- bairro" (leia-se, Leblon - ela faz uma ironia com o antigo programa de César Maia que tinha por nome "favela-bairro"), aí é que não vou ver. Mas parece que eles foram para Jordânia, para Israel etc. Novela das oito da Globo agora começa sempre "la fora", depois vai pro Projac mesmo, que a grana anda curta!
- Você vai me desculpar, mas vou para minha sessão de hidroginástica. Escreva aí no seu "grogue" que a Glória é uma guerreira e acertou na mosca com essa novela que acaba hoje. Que as grandes discrepâncias da novela só aparecem para os críticos , esses literatos frustrados, que um dia acalentaram o sonho de escrever o grande romance redentor da modernidade tardia e não conseguiram. Que o povão mesmo, como dizia o filósofo Joaozinho 30, gosta mesmo é de luxo, muito sari, muita "bijuteria" barata de Delhi.
E foi aí que sem mais, nem menos, desligou na minha cara.
Nem deu tempo de comentar a terrível situação financeira da excepcional fotógrafa de celebridades Annie Leibovitz.
Voltei me então para a leitura de "Modernidade Líquida" do sociólogo Zygmunt Bauman, que virou arroz de festa e até já deu entrevista para a revistinha de domingo do Globo. Não sei se aumentou a tiragem do jornal nesse dia, de qualquer forma, a sociologia está se tornando popular. Quero ver o caderno de esportes analisar a interação dos clubes cariocas no universo social light da "segundona".

2 comentários:

ze disse...

Lula precisa nacionalizar mais, como Chavéz nacionalizou. Um jornal público ,já pensou, tipo TVBr : uma maravilha!! CPMF (imposto de rico que usa cheque, só rico usa cheque) a 1%. Mínimo a mil. Mínimo a mil é sonho.

LIBERATI disse...

Novo marco regulatório para as comunicações no país. Uma TV menos emburrecedora na privada e menos chata na pública. Já salário mínimo na casa dos mil é sonho dos brabos.
abração