28.3.10

Dica do Gerdal: Ruy Quaresma: violonista dá corda ao arranjo musical da Lapa com shows de primeira




Amigo íntimo de um violão que o acompanha na carreira, nada vadio, mas boêmio, e camarada de um cavaquinho chorão pelo qual se fez entender para o sucesso na voz de Beth Carvalho, o carioca Ruy Quaresma (foto acima), também arranjador conceituado nas lides do samba, começou cedo no ramo, estimulado pelo espelho caseiro de pai e avô, músicos amadores, e de Lindaura Rosa, viúva de Noel, a quem, menino ainda, acompanhava em festas familiares. No palco de um clube da mesma Vila Isabel exaltada em "Flor dos Tempos" por Nei Lopes, ex-morador do bairro, sobre melodia nascida em suas cordas, Ruy teve estreia ao violão, com 14 anos de idade, em companhia dos excelentes integrantes do Fórmula 7 (no qual já tocavam, por exemplo, Hélio Delmiro, Luizão Maia, Márcio Montarroyos e Hélio Celso). De Paulinho Nogueira, guarda lembrança significativa de um método do saudoso campineiro que lhe foi presenteado por um tio, com noções fundamentais à sua formação, a qual, tempos depois, ainda se enriqueceria por meio de estreito contato com nomes exponenciais, como K-Ximbinho, Laércio de Freitas, Paulo Moura, Lyrio Panicali e Radamés Gnattali, os dois últimos, em 1969, quando de estágio na Rádio MEC e como arranjador principiante da orquestra da TV Globo. Recentemente, pela sua Fina Flor, é responsável por arranjos, produção musical e lançamento de CDs de ótima realização, como os do Sururu na Roda e solos das expressivas mulheres desse quarteto, Nilze Carvalho e Camila Costa, do Quarteto em Cy, de Sanny Alves e do já citado Nei, seu polissilábico parceiro em outro samba,"Saracuruna-Seropédica". 
        Juntamente com a flautista Tereza Quaresma, o jornalista Hugo Sukman e um querido amigo meu de vários anos, Luís Carlos Pimenta, Ruy Quaresma desbrava um espaço do entretenimento musical na Lapa para uma MPB de qualidade, sem rótulo ou segmentação rígida, antenado com a lira dos novos talentos e com foco ainda dirigido a shows inusitados e surpreendentes. Chama-se Lapinha a bem montada casa noturna de que é proprietário e anfitrião, com piano mesmo no palco - muito bem tratado artisticamente pela competência de Fernando Merlino, do conjunto fixo de lá -, apreciável atendimento e ótimo sistema de som. Como em todas as minhas dicas, por extremo apreço pela boa MPB - "avis rara", ironicamente, na mídia de massa -, faço aqui, de modo espontâneo e desinteressado, a recomendação do lugar, torcendo para que, em outros endereços da nossa cidade, surjam mais casas de objetivos afins e relação respeitosa com o músico, em particular, que saibam valorizá-lo na extensão da sua importância. Boa sorte, Ruy! Que o Lapinha siga o exemplo de longevidade do Village Vanguard em Nova York, há tantos anos emblemático do jazz, no que este tem de melhor na sua inspiração e produção. 
      
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Pós-escrito: na segunda foto - de conjunto, da esquerda para a direita, Marcelo Menezes (Macarrão), Delcio Carvalho, Nei Lopes e Ruy Quaresma.      

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