27.4.10

CCJF abre terça, dia 27 de abril, a exposição Ruy Santos:imagens apreendidas com fotografias retidas pela Polícia Política Brasileira.



A exposição Ruy Santos : imagens apreendidas (flyer e foto acima) traz a público, pela primeira vez, material inédito do fotógrafo e cineasta carioca Ruy Santos (1916-1989), encontrado recentemente no acervo fotográfico do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. A proveniência do material lá depositado se origina na participação ativa de Ruy como militante, fotógrafo e cineasta do Partido Comunista Brasileiro durante os anos 40, que registrou em película muitas personalidades do Partido, entre elas, Luiz Carlos Prestes, Graciliano Ramos, Cândido Portinari, Clóvis Graciano, dos quais serão exibidos portraits fotográficos.
A exposição contempla ainda cópias fotográficas do comício de Luiz Carlos Prestes no estádio do Pacaembu, em 15 de julho de 1945, em São Paulo e do curta, Comício: São Paulo a Luiz Carlos Prestes, com 9min e 14 seg de duração. O filme, com direção e fotografia de Ruy Santos, foi produzido pela Cinédia em 1945, com texto de Alinor Azevedo e narração de Amarílio de Vasconcelos com realização do Comitê Nacional do Partido Comunista. Com tom heróico, o filme e as imagens realçam o aspecto grandioso, de grande espetáculo político-partidário que o PCB estava inaugurando naquele momento, em que o povo é mostrado como grande protagonista do evento.
A exposição exibe ainda material de arquivo de Ruy sob a guarda do APERJ, como cartas, documentos pessoais apreendidos pela Polícia Política, como o roteiro do primeiro longa dirigido por Ruy, o documentário  24 anos de lutas: como se formou o partido comunista do Brasil. O filme foi rodado em 1945, para o qual Ruy filmou Prestes ainda na cadeia. O documentário está desaparecido desde 1947, quando foi apresentado ao Serviço de Censura de Diversões Públicas, visando obter licença de exibição, jamais obtida. O que restou dele foi somente este roteiro, arquivado no APERJ.
As cópias fotográficas encontradas de Ruy no APERJ são remanescentes de seu acervo, destruído pela Polícia Política por ocasião de sua prisão em 1948.
A exposição, que contará ainda com exibição de outros filmes e debate, é fruto de trabalho de pós-doutorado em desenvolvimento da pesquisadora Teresa Bastos efetuada junto ao Fundo Polícia Política, do acervo do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. A Polícia política brasileira, por sua atuação implacável no controle e vigilância aos cidadãos, de 1930 a 1983, de algoz passou a guardiã de uma vasta documentação ainda pouco explorada e conhecida de um período relativamente recente da história do Brasil.
 
Sobre Ruy Santos
 
Ruy fotografou e dirigiu mais de 30 documentários, dos quais alguns foram premiados no Brasil e exterior. De sua estréia ainda jovem como assistente de fotografia do lendário filme Limite (1930), de Mário Peixoto, até sua morte em 1989 foram mais de 47 anos de cinema e fotografia.
Apesar de extensa cinematografia, Ruy Santos é desconhecido do público. Sua obra cinematográfica está dispersa, caiu no ostracismo e suas fotografias até então não tinham sido identificadas.
Ruy trabalhou no DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda- do governo Getúlio Vargas, e atribui a sua veia documental a essa passagem pelo órgão. Se no DIP Ruy aprendeu e experimentou muito, foi no Partido Comunista que obteve projeção internacional, graças ao documentário 24 anos de lutas, chegando a representar o Brasil como membro efetivo da diretoria da União Mundial dos Documentaristas, instituição situada em Praga, Tchecoslovaquia, em 1948.  O filme foi exibido no Rio, na ABI, em 1946. Ruy era comunista e comungava, como muitos artistas e intelectuais da época, dos ideais e da perspectiva do PCB.
Em sua incursão pelo cinema, Ruy Santos além do documentário, também dirigiu, produziu, escreveu roteiro e fez a fotografia de  filmes de ficção, com uma paixão em especial pela literatura. Adaptou para o cinema os contos de Maximo Gorki Onde a terra começa (1945) e  O desconhecido (1978),  a partir do conto homônimo de Lúcio Cardoso. Trabalhou ainda com o escritor no filme  A  mulher de longe (1949) com roteiro e direção do  próprio Lúcio. Trabalhou ainda com o holandês Joris Ivens na parte brasileira de Uma criança vem ao mundo (1952) e de Le chant des fleuves (1954), esse último um documentário comparativo entre os grandes rios do mundo e as multidões de trabalhadores.
 
Serviço
Título: Ruy Santos:imagens apreendidas
Sala: Gabinete Fotográfico
Data : 27 de abril (abertura com coquetel)
Visitação : de 28 de abril a 13 de junho 2010
                     Terça a domingo, das 12 às 19 hs
Curadoria: Teresa Bastos
Quantidade de imagens: 21
Imagens:  Fotografias em preto e branco, tamanho 50X70 cm  em moldura  70 X 80 cm.
Realização: Centro cultural Justiça Federal e Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro
Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Departamento de História da Universidade Federal Fluminense, Cinemateca do MAM, Centro Técnico Audiovisual (CTAV) e Gráfica e Editora Minister.
Exibição de filmes e debates:  Teatro CCJF
Datas: 15 e 23 de maio de 2010
Informações: Assessoria de Imprensa CCJF/Luciana 32612556/luciana@trf2.gov.br

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