27.3.12

Baltar & os Marianos no Trapiche Gamboa - toda quarta



Choro, Samba e música brasileira da melhor qualidade
Quartas- feiras, a partir das 20h, no Trapiche Gamboa
$14 ($10 na lista amiga)
Depois da Lapa, Praça Tiradentes, Paris, Estocolmo, Jacarepaguá e Nova Iorque,  a cantora  da nova velha-nova rege(ne)ração de compositores, levanta o público da cadeira para encher o salão com o som dessas feras  do instrumental.
(Clique na imagem para ampliar e LER melhor)

25.3.12

Chico Lobo traz ao Rio sua viola caipira para belo encontro, neste domingo, com as cordas alentejanas de Pedro Mestre




Como espectador da tevê paga, sinto falta daquela meia hora tão simpática e tão bem-vinda à imagem do Canal Rural, por vários anos, trazida pelo programa das gêmeas ubaenses Celia e Celma. Uma rara atração dedicada à música regional, na qual as cantoras costumavam visitar, na casa deles, artistas de notabilidade no ramo e, no tocante à viola e à magia do seu dedilhado e das suas afinações "rio abaixo e rio acima", entrevistando e mostrando a arte de, entre outros ases, Chico Lobo (foto acima). Do mesmo chão natal de Tancredo Neves e filho de seresteiro, Aldo Lobo, cresceu sob o encantamento da cultura barroca, das igrejas enfeitadas nas cerimônias da Semana Santa, dos cânticos nas procissões e, em particular, da passagem da folia de reis por sua casa, todo 6 de janeiro, a maravilhá-lo pelo toque característico do instrumento que, autodidata, abraçaria como profissão de fé. Com 12 anos de idade, ganhou do pai a primeira viola e, aos 20, com fé na profissão, após noviciado sanjoanense em grupo musical estudantil, estava em BH, tocando-a, recém-chegado e integrado a um importante grupo de danças folclóricas, Aruanda, cujo trânsito temático era embalado por ritmos que o também cantador e compositor já conhecia de sobejo, incluindo-se ainda aí, por exemplo, a catira e o cateretê.  Nessa empreitada, foram quase oito anos viajando pelo Brasil até, em 1990, principiar bem-sucedido e elogiado percurso solo, com numerosos shows e discos já gravados, destes fazendo parte, por exemplo, os ótimos "No Braço Dessa Viola" (o primeiro CD, em 1996), "Reinado" (o terceiro, em 2000), "O Violeiro e a Cantora" (de 2002, em companhia de Dea Trancoso, mineira da Almenara, cidade do Vale do Jequitinhonha) e "Viola Popular Brasileira" (em 2005, o seu primeiro DVD e o primeiro artístico, no gênero, feito no país). No CD "Palmeira Seca", de 2001, registrou a trilha composta para minissérie baseada em romance homônimo, escrito pelo laureado jornalista, também letrista, Jorge Fernando dos Santos (Prêmio Minas de Cultura Guimarães Rosa) e exibida pela Rede Minas.
           "Como a piracema, vou contrário às correntes do rio, nado contra a correnteza, como os peixes no instinto de se procriarem. Assim faço, optando por cantar a vida, a natureza, a preservação e os sentimentos de amor, fé, amizade e "cumpadricidade". Valores tão contrários aos encontrados na música de entretenimento e massificação. É minha sina, é meu destino falar da cultura e das terras de Minas, que tanto admiro. Tenho a grande oportunidade de percorrer cidades, vilas, fazendas, tantos cantos e encantos de Minas. Conhecer tanta mataria, tantos cursos d`água, tantas crenças, "causos" e tradições. Tanta riqueza que, cada vez mais, precisa do homem para a sua proteção, o mesmo homem que dessa riqueza faz mau uso. Que mundo os filhos de meus filhos herdarão?...Quando canto em cada lugar, canto para que o público possa ainda reconhecer-se quanto à sua identidade, pois a arte forma opinião, aglutina as pessoas am mutirão e pode ser expressão transformadora para o bem." Assim afirmando o seu cuidado ambientalista e um respeito pela tradição que não o impede de ser um "caipira do mundo", atento à informação contemporânea e levando o seu fulcro de brasilidade a palcos de países diversos, Chico Lobo faz rara apresentação para os cariocas, neste domingo, 25 de março, às 19h, no Teatro de Arena da Caixa Cultural (Av. Almirante Barroso, 25 - tel.: 2544-4080), em duo com o alentejano Pedro Mestre (foto acima). À viola campaniça do segundo junta-se a viola caipira do primeiro, "viola-mãe" e "viola-filha", em show de notas bem choradas que já deu corda a um CD conjunto, em 2007, até então não realizado, sobre o encontro luso-brasileiro dessas sonoridades naturalmente convergentes.
          Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção à dica.

          Um abraço,

          Gerdal          

Pós-escrito: nos "links" seguintes, 1) Chico Lobo fala de si e do seu largo apreço pela viola; 2) toca, de sua autoria, "Vazante", ao lado de um cobra do violoncelo, Marcio Malard; 3) Chico Lobo toca e canta "Caipira", também sua; 4) "No Braço Dessa Viola", outra gema da sua lavra violeira, tem letra realçada por belíssima interpretação "a cappella" de Dea Trancoso; 5) Chico Lobo e Pedro Mestre tocam e cantam juntos em Jequitibá (MG); 6) Dea canta e Chico toca em gravação do tanguinho sertanejo "Viola Cantadeira", de Marcelo Tupinambá (pseudônimo do compositor tietense também chamado Fernando Lobo e falecido em 1953) com letra do revistógrafo Arlindo Leal.  


        http://www.youtube.com/watch?v=2H2-yvVSys4&feature=related
(Chico Lobo por Chico Lobo)

        http://www.youtube.com/watch?v=x4bX6jxC53Q&feature=related
("Vazante")

        http://www.youtube.com/watch?v=j2mNex5zuBI&feature=related
("Caipira")

        http://www.youtube.com/watch?v=S_scDREQDS0
("No Braço Dessa Viola")

        http://www.youtube.com/watch?v=7MjDCFO2DY4
(Chico Lobo e Pedro Mestre)

         http://www.youtube.com/watch?v=f1JHJIiks3Q
("Viola Cantadeira")

Juli Mariano dá colorido vocal ao fim de tarde de Copacabana, neste domingo, com show no Posto 6




De grande valor e de interpretação atraente quer no intimismo da composição, quer na extroversão desta - como numa vigorosa releitura já feita, por exemplo, de Djavan em "Azul"-, Juli Mariano (foto acima) é revelação dos conjuntos Turma da Bossa e Seresta Moderna. Há três anos, tive a satisfação de vê-la reluzindo em um show-tributo, na Sala Baden Powell, por Adiléia Silva da Rocha, a inesquecível Dolores Duran, então completando 50 anos de falecimento. Neste domingo, 25 de março, grátis, uma boa dica musical para um fim de tarde com bossa, samba e jazz é passar no Forte de Copacabana (Av. Atlântica - Posto 6) e apreciar a apresentação que essa querida cantora fará, de acordo com o "flyer" acima.
        Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.

        Um abraço,

        Gerdal

Pós-escrito: a) a satisfação de ver Juli Mariano cantar é antecipada na sequência abaixo, com as seguintes músicas: 1) "Bom É Querer Bem", de Fernando Lobo; 2) "Manias", dos irmãos Celso e Flávio Cavalcanti - ambos os títulos constantes do roteiro do referido show em memória de Dolores; 3) "Wave" ("Vou Te Contar"), de Antonio Carlos Jobim (ela ao lado de Manu Santos e João Francisco Neves pelo Seresta Moderna); 4) "Taí", do "doutor" Joubert de Carvalho, um dos médicos compositores na história da nossa música popular (marcha também mostrada pelo Seresta Moderna);
                 b) a distribuição de senhas para o acesso gratuito ao show no Forte começa às 17h. 


   http://www.youtube.com/watch?v=RfDrGlvJAL4
("Bom É Querer Bem")

       http://www.youtube.com/watch?v=wjH-qQmqk28&feature=related
("Manias")

       http://www.youtube.com/watch?v=-eQ4qDfl_zY&feature=related ("Wave")

       http://www.youtube.com/watch?v=W9rBS-SB0H4&feature=related
("Taí") 

20.3.12

De Moraes 100 anos do autor do hino “Minas Gerais”






Uma vida dedicada à música, o reconhecimento tardio e a velhice e morte na pobreza


Por Jorge Sanglard

Compositor, cantor e violonista, De Moraes (José Duduca de Moraes), nasceu em Santa Maria de Itabira, em 19/3/1912, há 100 anos, e morreu em Juiz de Fora, em 25/11/2002, há nove anos. Sua maior obra foi a letra da canção “Minas Gerais”, de 1942, uma versão da valsa italiana Vieni sul Mare (Venha para o Mar), que acabou conquistando o status de hino popular dos mineiros. Os 90 anos de vida de De Moraes foram dedicados à música, mas o reconhecimento veio tarde e a pobreza marcou boa parte de sua trajetória e a velhice. Mesmo tendo sido um dos maiores recordistas de vendas da Odeon, nos anos 1940 e início dos 1950 e autor de cerca de 200 composições, depois de abandonar a música por desgosto com a situação precária dos direitos autorais, foi reencontrado no final de 1997, pobre, doente e esquecido, vivendo na periferia de Juiz de Fora, com dificuldades financeiras para sustentar a si e a mulher, Norberta Nobre de Moraes, com a qual estava casado há mais de 40 anos.
De Moraes iniciou a carreira musical em 1935, cantando na Rádio Mineira PRC-7, em Belo Horizonte. Antes, aos 16 anos, trabalhava como laminador na Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira em Sabará (MG), quando apresentou-se cantando e tocando violão no Clube Cravo Vermelho, instituição recreativa para os funcionários da siderúrgica. Integrou também o regional do clube e foi seu diretor musical. Em fins dos anos 1930, mudou-se para Belo Horizonte e posteriormente para o Rio de Janeiro.
No início dos anos 1940, começou a apresentar-se com destaque na Rádio Tamoio, no Rio de Janeiro, onde atuou durante seis anos no programa "Hora sertaneja", no quadro "Rancho dos violeiros". Em 1940, lançou suas primeiras gravações, cantando acompanhado de Antenógenes Silva ao acordeom, a marcha "Moda da cidade" e a rancheira "Arrasta o pé meu bem", ambas de autoria de Antenógenes Silva. No ano seguinte, acompanhado novamente de Antenógenes ao acordeom e cantando com Nair Rodrigues, gravou a valsa "Partida cruel" e a toada "Passa pro lado de cá", as duas de parceria com Antenógenes Silva. No mesmo ano conheceu seu primeiro grande sucesso, ao gravar com Nair Rodrigues e tendo o acompanhamento de Antenógenes no acordeom, a mazurca "Adeus porteira velha", de autoria do último.
Em 1942, compôs, em parceria com o pernambucano Manuel Pereira de Araújo, o Manezinho Araújo, a letra da música "Minas Gerais", a partir da melodia da valsa "Viene sul mar", homenageando sua terra natal e que fora gravada com outra letra em 1917, pela Casa Edison do Rio, na voz do cantor Cadete, mas com o mesmo título "Minas Gerais", quando se referia à nau capitânia da Armada Brasileira, comprada naquele ano à Inglaterra. No mesmo ano, foi lançada em disco, juntamente com a toada "Gavião do mar", também em parceria com Manezinho Araújo.
"Minas Gerais" alcançou grande sucesso popular, tornando-se uma das composições mais executadas no país, sendo adotada ainda como "hino popular mineiro". A partir de 1944, formou dupla com Xerém. No mesmo ano, lançaram a marcha "Lá vai balão", de Xerém e Pequeno Edson, e a valsa "Saudades de Marianinha", de sua autoria. A dupla gravou um total de seis discos pela Continental.
A partir de 1947, passou a formar dupla com Doquinha, por sugestão de Francisco Alves. Em 1950, gravaram as toadas "Esperando meu benzinho", de sua autoria, e "João Tropeiro", de Antenógenes Silva. A dupla gravou diversos discos, fazendo sucesso com, entre outros, "Meu balão", com Zé Praxedes, "Viola entristecida", de sua autoria, "Minha viola", com Marques da Silva, e "Esperando meu benzinho", de sua autoria.
Em 1998, foi lançado pelo "Projeto Oh! Minas Gerais", um CD resgatando 14 interpretações do artista em 78 rpm, remasterizadas pela Alça Music. Produzido por Cleber Camargo, de Itabira, a edição do CD contou com a colaboração deste jornalista e pesquisador, de Juiz de Fora, que assinou um texto recuperando a trajetória de De Moraes. Constou também uma entrevista realizada pelo pesquisador Alfredo Valadares em 1979. No mesmo ano, como parte do trabalho de resgate de sua obra, foi homenageado pela Câmara Municipal de Juiz de Fora com o título de Cidadão Honorário e a prefeitura outorgou-lhe a Comenda Henrique Halfeld. Ao final de 1999, teve início o resgate da memória e da obra do importante compositor mineiro. Em março de 2002, “Minas Gerais” completou 60 anos, mas o compositor permanecia recebendo uma quantia irrisória em direitos autorais. De Moraes e a esposa sobreviviam com dificuldades e o único bem era uma casa no bairo Santo Antônio, em Juiz de Fora, que foi alugado para ampliar um pouco a renda do casal, que passou a morar nos fundos do imóvel depois de uma reforma.
De Moraes morreu na noite de 25 de novembro de 2002 de insuficiência cardiorrespiratória. Ele enfrentava problemas de saúde e caminhava com a ajuda da mulher, Norberta Nobre de Moraes, com quem viveu por 40 anos. O corpo foi velado no prédio da Câmara Municipal de Juiz de Fora e percorreu as ruas da cidade em carro do Corpo de Bombeiros. No enterro, estavam presentes cerca de 60 pessoas, que deram o adeus ao compositor cantando “Minas Gerais”. O compositor foi enterrado no Cemitério Parque da Saudade, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, onde residia desde a década de 1970.
Os versos de “Minas Gerais” são conhecidos por todos os mineiros e sempre orgulharam o compositor, mas não foram suficientes para garantir uma aposentadoria digna ao seu autor. De Moraes terminou seus dias dependendo do apoio de amigos, principalmente, depois que foi redescoberto em Juiz de Fora. Ele ganhou um plano de saúde da Santa Casa de Misericórdia e recebia uma cesta básica mensal da Prefeitura de Juiz de Fora.
Segundo o vereador Flávio Checker, que indicou De Moraes para o título de Cidadão Honorário de Juiz de Fora em 1998, a morte do compositor provocou reflexões: “Primeiro, a incompatibilidade entre a contribuição dele para a cultura do País e as condições de vida que teve. Depois, o desamparo do cidadão comum, que depende da aposentadoria para sobreviver”. Sentimento compartilhado por Jair Pires de Oliveira, sobrinho-neto do compositor. O então governador mineiro Itamar Franco solicitou ao então vereador juizforano Bruno Siqueira que o representasse no funeral do compositor e divulgou nota oficial do Governo de Minas sobre a morte de De Moraes, afirmando que ela comovia os mineiros: “Devemos a ele a criação de 'Minas Gerais', hino do Estado pela vontade popular. Desde que foi gravada pela primeira vez, a canção passou a ser entoada em louvor a Minas. Ele será sempre lembrado por ter dado aos mineiros o mais querido símbolo sonoro das Minas Gerais”, concluiu o então governador.
O compositor passou também a integrar o “Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira”, sob coordenação do jornalista e pesquisador Ricardo Cravo Albin, num verbete elaborado pelo autor deste artigo.
Em 13 de maio de 2010, a viúva, de De Moraes, Noberta Nobre De Moraes, fez à Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage – Funalfa, em Juiz de Fora, a doação de todo o acervo particular do compositor: discos, partituras, fotografias, violão e certificados. O acervo está sob a responsabilidade e guarda da divisão de memória da Funalfa, onde foi elaborado um inventário das peças e ficará à disposição para consulta do público, músicos, compositores ou pesquisadores.

Jorge Sanglard é jornalista e pesquisador. Escreve em jornais de Portugal e do Brasil. E-mail: jorgesanglard@yahoo.com.br

Ronaldo Bôscoli: o lobo nada bobo da bossa nova em livro de Denilson Monteiro, que vai ser lançado, nesta terça, no Cariocando







"Desses artistas que Ronaldo Bôscoli considerava bicões da bossa nova, Juca Chaves era quem ele mais combatia. Juca, que com sete anos de idade já demonstrava inclinação musical, atravessou infância e adolescência aprendendo violão, piano, solfejo e teoria musical com ótimos professores. Foi uma formação que muito contribuiu para as modinhas que compunha, as quais, mostradas a Lúcio Rangel no Bar Calypso, agradaram não só ao crítico musical, mas também aos demais frequentadores do local, gente como Lamartine Babo, Sérgio Porto e até ao maestro da bossa nova, Antonio Carlos Jobim.
         Porém, além do lirismo apresentado nessas composições, o rapazinho louro de olhos azuis e nariz grande possuía uma forte veia cômica. Num dado momento, sua voz e seu violão foram voltados a fazer humor em forma de canção. Ele passou a compor o que chamava de sátiras de autodestruição, como "Sou Feio, Mas Sou Feliz" e a autobiográfica "Nasal Sensual", além de sátiras políticas, como "Brasil Já Vai À Guerra", sobre o porta-aviões de segunda mão, o Minas Gerais, que o governo havia comprado da Inglaterra por um preço um bocado alto; "Caixinha, Obrigado" e "Presidente Bossa-Nova". Essa última, apesar dos problemas com a censura no governo JK, o homenageado, foi um enorme sucesso, algo que muitos membros da turminha, os bossa-novistas originais, apenas sonhavam um dia alcançar. Com a sua voz mansa e o violão que carregava sobre o ombro, já era apontado como um novo João Gilberto. Isso deixava Bôscoli mais inquieto do que se o avisassem de que teria que entrar em um trem lotado com destino a Japeri sem Chico Feitosa ou Nara para acompanhá-lo.
         Um dos versos da sua "Luluzinha Bossa-Nova", uma modinha até parecida com as que Juca Chaves fazia, criticava esse estado em que a BN se encontrava, assim como o bem-humorado Juquinha: "Mas Luluzinha anda triste/porque agora tudo é bossa/há mil chaves para se entrar/invadiram a nossa bossa."
         A grande ironia era que Juca também não gostava de ser associado à bossa nova. Quando alguém fazia isso, debochava: "Eu não sou bossa nova. Se bossa nova fosse bom, João Gilberto não cantava tão baixinho."
        
         Após lançar, há pouco mais de dois anos, "Dez, Nota Dez! Eu Sou Carlos Imperial", o amigo paraense Denilson Monteiro (foto acima) brinda os leitores que curtem MPB com outro bem-vindo calhamaço, mais uma biografia de fôlego motivada por outra figura controvertida, igualmente inteligente e aguçada em sacadas e jogadas de efeito: Ronaldo Bôscoli (fotos acima). Curiosamente, apesar das "amabilidades" trocadas entre si, Imperial e Bôscoli tiveram, no âmbito profissional, caminhos cruzados, pois o primeiro descobriria cantores de renome nacional - Wilson Simonal, Roberto Carlos e Elis Regina - com os quais o segundo trabalharia (com Elis até mesmo se casando). "A Bossa do Lobo" (do excerto acima) tem nesta terça-feira, 20 de março, a partir das 18h30, mais uma noite de lançamento, com o livro, naturalmente, à disposição dos interessados. O cenário é o Cariocando (Rua Silveira Martins, 139 - Catete - tel.: 2557-3646), e a animação musical da casa, "no clima", corre por conta da cantora Valéria Oliveira e do conjunto Bossa & Outras Bossas ("flyer" acima).
        Um bom dia a todos. Grato pela atenção à dica.

        Um abraço,
 
        Gerdal           

Pós-escrito: no primeiro "link", em rara imagem, Carlos Lyra, ao violão - e o parceiro Ronaldo Bôscoli na plateia - canta "Lobo Bobo", "Saudade Fez um Samba" e "Se É Tarde, Me Perdoa"). Nos demais "links", o parceiro de Bôscoli é Roberto Menescal em 2) "O Barquinho", com Menescal acompanhando Wanda Sá; 3) "Tetê", com Menescal acompanhando Claudia Telles, em sensível interpretação desta para música lançada por sua mãe, Sylvia Telles; 4) "Telefone", com Wilson Simonal; 5) como fundo musical para um apanhado de telas impressionistas nas imagens, a voz de Leila Pinheiro em bela regravação de "Errinho à Toa".


         http://www.youtube.com/watch?v=HTsWegPrH48
("Lobo Bobo"/"Saudade Fez um Samba"/"Se É Tarde, Me Perdoa")

          http://www.youtube.com/watch?v=ABZNwXvzJF8
("O Barquinho")

           http://www.youtube.com/watch?v=j6ckH36Nw_I&feature=related
("Tetê")

           http://www.youtube.com/watch?v=PbHPIfasZJ8 ("Telefone")

           http://www.youtube.com/watch?v=DFxSYgkge8Y ("Errinho À Toa")     

Blog do Tarik - Tudo sobre música


Meu querido amigo, o jornalista e crítico Tárik de Souza estreia seu novo blog. É desnecessário dizer que ele entende tudo de música. Acesso obrigatório!!! O link é http://colunas.canalbrasil.globo.com/platb/tarik/

18.3.12

Affonso Romano de Sant’Anna no Diálogos Abertos Nesta terça, 20/03/2012, 18h, MAMM


(Mais uma vez volto ao blogue, furando minha barreira que construí para estudar e escrever para o meu mestrado. Mas o motivo é justo, trata-se de publicar um texto do meu amigo Jorge Sanglard - Jornalista e Pesquisador, sobre o poeta Affonso Romano de Sant'Anna que encontrei recentemente num almoço comemorativo pelos 80 anos de Alberto Dines junto com a nação JB.)
Nota explicativa: o MAMM é o Museu de Arte Murilo Mendes e fica na Rua Benjamin Constant, 790, no Centro de Juiz de Fora

Ensaísta, cronista, poeta e jornalista, Affonso Romano de Sant’Anna é um dos intelectuais mais influentes no Brasil contemporâneo. Sua geração viveu a utopia e o seu avesso, e o escritor tem declarado que é necessário rever o século XX, com todos os sonhos e equívocos, caso contrário, não entraremos no século XXI. Antenado com seu tempo, lutou contra a ditadura militar entre as décadas de 1960 e 1980 e sempre foi uma voz indignada contra a opressão e a favor da liberdade. A função do intelectual, para ele, é interferir na história e no cotidiano. Afinal, argumenta, o mundo tornou-se mais complexo e a cultura da pós-modernidade é o culto do superficial, da cópia, do marketing, da fragmentação, dos falsos valores. Em meio è violência nos grandes centros urbanos, o poeta vislumbra de sua janela no Rio de Janeiro as contradições da cidade partida e o desencanto com o abismo social no Brasil. Durante os seis anos em que presidiu a Fundação Biblioteca Nacional, tendo como atribuição a política do livro e a leitura, assegura ter feito tudo o que se podia para o brasileiro ler mais. Incisivo, afirma: literatura é vida. Nascido em Belo Horizonte , em 1937, e criado em Juiz de Fora, a partir dos três anos de idade, teve uma infância de menino pobre, trabalhando desde cedo como carregador de marmitas e de trouxas de roupas para lavadeiras, além de vender balas no colégio e no cinema para pagar seus estudos. No Grupo Escolar Fernando Lobo e no tradicional colégio metodista Granbery, iniciou a paixão pelos livros, que encontrava nas bibliotecas do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do restaurante popular do Saps. Como filho de pais protestantes, foi criado para ser pastor e, aos 17 anos, já pregava  o evangelho em várias cidades do interior de Minas Gerais. Mas o jornalismo e a literatura falaram mais alto. No entanto, essa experiência foi decisiva para impregnar de forte conteúdo social sua prosa e sua poesia e, já em seu primeiro livro, “O Desemprego da Poesia”, um ensaio lançado em 1962, apontava o rumo da indignação. Seu primeiro livro de poesias, “Canto e Palavra”, foi editado em 1965. Durante dois anos, lecionou Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia, em Los Angeles , e em 1968 voltaria aos Estados Unidos como bolsista do International Writing Program, em Iowa, onde permaneceu por dois anos e vivenciou as transformações de comportamento que marcaram o século XX. Ao retornar ao Brasil, em 1969, defendeu a tese de doutorado “Carlos Drummond de Andrade, o Poeta ‘Gauche’, no Tempo e Espaço”, na Universidade Federal de Minas Gerais. Editada em 1972, esta tese deu projeção ao escritor, que conquistou importantes prêmios literários brasileiros. Intensificou na década de 1970 sua atuação como professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, em 1976, articulou a vinda ao Brasil de renomados conferencistas internacionais, em plena ditadura militar, com destaque para o sociólogo francês Michel Foucault. Ainda nesse ano, voltaria novamente aos Estados Unidos e lecionaria Literatura Brasileira na Universidade do Texas. Dois anos mais tarde, já na Alemanha, lecionou Literatura na Universidade de Colônia, e lançou o livro “A grande fala do índio guarani”. Em 1980, lançou o livro de poesias “Que país é este?”, ganhando repercussão após o “Jornal do Brasil” publicar o poema homônimo. Na França, como professor visitante, lecionou durante dois anos, na Universidade Aix-en-Provence. E, a partir de 1984, passou a escrever no “Jornal do Brasil” a coluna anteriormente assinada por Carlos Drummond de Andrade. Em 1986, saiu publicado seu primeiro livro de crônicas, “A Mulher Madura”. Entre 1990 e 1996, presidiu a Fundação Biblioteca Nacional, onde iniciou a informatização do acervo, criou o Sistema Nacional de Bibliotecas e o Programa de Promoção da Leitura (Proler), espalhando mais de 30 mil voluntários em cerca de 300 cidades brasileiras, e passou a editar a revista “Poesia Sempre”. De 1993 a 1995, presidiu o Conselho do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc), e assumiu a secretaria geral da Associação das Bibliotecas Nacionais  Ibero-Americanas, entre 1995/1996. Desde o final dos anos 1990, o escritor vem doando parte de seu acervo de livros para a Biblioteca Municipal Murilo Mendes, em Juiz de Fora. Atualmente escreve uma coluna de crônicas, aos domingos, no caderno “Em Cultura” do jornal Estado de Minas.
 Jorge Sanglard - Jornalista e Pesquisador.
NR: (Clique na imagem para ampliar e LER melhor)

14.3.12

Itamar Assumpção, Wilson Simonal, Waly Salomão e Torquato Neto: um "la vie en gauche" da MPB em série de shows, a partir desta quinta, no CCBB






(Com esta dica preciosa do Gerdal, eu façou uma pausa na minha imersão no mestrado)
 

        No primeiro "link", Itamar Assumpção canta, de sua autoria, "Parece Que Bebe"; no segundo, Wilson Simonal evoca Martin Luther King em tributo que lhe prestou na suingada parceria com Ronaldo Bôscoli; no terceiro, Jards Macalé em "Volto pra Curtir", feita com Waly Salomão, composição também de bela expressão na gravação de Marlui Miranda para elepê dela, "Rio Acima", de 1986; no último, a densa poesia de Torquato Neto em "Três da Madrugada" (parceria com Carlos Pinto), cantada por Lu Horta.
        Itamar, Simonal, Waly e Torquato (fotos acima) têm suas lidas artísticas revistas em série de shows no Centro Cultural Banco do Brasil, sobre cujo teor reencaminho, em seguida, texto da amiga Monica Ramalho.
        Um bom dia a todos. Grato pela atenção à dica.

        Um abraço,

        Gerdal  

  http://www.youtube.com/watch?v=ph5Lo6IiWwI ("Parece Que Bebe")

        http://www.youtube.com/watch?v=FH0Ws4Sw0ZE&feature=related ("Tributo a Martin Luther King")

        http://www.youtube.com/watch?v=e6zru8R0XBw ("Volto pra Curtir")

       
http://www.youtube.com/watch?v=gRmhPadGzVE ("Três da Madrugada")



'ANJOS TORTOS, A MPB GAUCHE NA VIDA'
ESTREIA DIA 15, NO CCBB RIO
Série homenageia Itamar Assumpção, Wilson Simonal, Waly Salomão e Torquato Neto


Idealizada com a finalidade de lançar novos olhares sobre o legado artístico de Itamar Assumpção, Wilson Simonal, Waly Salomão e Torquato Neto, a série ANJOS TORTOS, A MPB GAUCHE NA VIDA será realizada entre 15 e 25 de março, de quinta a domingo, às 19h, com ingressos a R$ 6, no Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB Rio). Para evocar a genialidade desse quarteto fantástico das artes, foram convidados outros quatro criadores cujas afinidades eletivas são evidentes. 

A estreia será com a banda Isca de Polícia mostrando, ao lado de Arrigo Barnabé, que a obra de Itamar Assumpção continua à frente do seu tempo. Em seguida, será a vez de Max de Castro, moderníssimo, relembrar o cancioneiro do pai, Wilson Simonal. Jards Macalé evocará o melhor da dupla imbatível que formou com Waly Salomão no terceito espetáculo da série. E, para encerrar ANJOS TORTOS, Chico César respingará as tintas inventivas de Torquato Neto na plateia do CCBB Rio – onde a série chega agora após uma bem sucedida passagem pelo CCBB Brasília, em setembro de 2011.

A proposta de cada show é de entremear os repertórios dos convidados, entre inéditas e sucessos, com clássicos dos homenageados. “A melhor maneira de compreender em qual medida a obra do homenageado influencia a criação dos músicos convidados é reunir ambas no mesmo palco, amarradas pelo mesmo roteiro. Tudo isso sem falar na alegria que será trazer novamente à cena parte do repertório desses anjos tortos extraordinários”, comenta a jornalista e escritora Monica Ramalho, curadora da série em parceria com a Baluarte Agência.
PROGRAMAÇÃO
Dias 15 e 16 de março (quinta e sexta), às 19h
NEGO DITO: QUE TAL O IMPOSSÍVEL?
Itamar Assumpção (1949-2003) continua no futuro, embora suas músicas irreverentes, bem humoradas e repletas de crítica social, gravadas nas décadas de 1980 e 1990, estejam sendo revisitadas por cantoras do nosso tempo, como Zélia Duncan e Mônica Salmaso. Itamar criou a Isca de Polícia em 1979 com o objetivo de ter uma banda sólida em seus discos e shows. E o bonito é ver que a Isca continua na ativa. Já Arrigo Barnabé fez, em 2006, um tributo ao parceiro em forma de disco. Isca e Arrigo se unem nesse show para cantar as obras majestosas desses mentores da Vanguarda Paulista.

Dias 17 e 18 de março (sábado e domingo), às 19h
PAÍS TROPICAL: SEI DE COR O AMOR QUE TENHO POR VOCÊ
Wilson Simonal (1938-2000) foi um dos artistas mais produtivos, conhecidos e bem pagos da música popular brasileira na década de 1960. Quando Max de Castro nasceu, em 1972, o pai já estava estigmatizado como informante dos militares, fato que nunca foi comprovado. Primeiro negro a apresentar sozinho um programa de tevê no país, Simonal incentivou a carreira dos seus garotos e Max já estreou com um álbum aclamado pela crítica. Será emocionante ver o filho cantar seus sucessos e os clássicos de Simonal, mostrando ao vivo todo o suingue que herdou do Rei da Pilantragem.

Dias 22 e 23 de março (quinta e sexta), às 19h
VAPOR BARATO: NÃO PRECISO DE GENTE QUE ME ORIENTE
Waly Salomão (1943-2003) provou que é possível ser livre e dar certo comercialmente. Tropicalista, o baiano dirigiu Gal Costa e produziu Cássia Eller em trabalhos memoráveis, permanece sendo regravado por estrelas, como Adriana Calcanhotto, e até venceu um Prêmio Jabuti. Jards Macalé (1943) dirigiu Maria Bethânia lá atrás e continua fazendo história. Em 2005, Macalé reuniu o melhor do cancioneiro da dupla no álbum 'Real Grandeza', um documento vivo da genialidade desses anjos tortos.

Dias 24 e 25 de março (sábado e domingo), às 19h
ANJO TORTO: DIZ AÍ COMO É QUE É
Torquato Neto (1944-1972) se autodenominava um anjo torto, inspirado nos versos de Drummond. Poeta, jornalista, letrista e ligado à contracultura: suas habilidades eram tantas que o colocaram, com folga, na proa do Tropicalismo levado adiante pelos seus parceiros Caetano Veloso e Gilberto Gil. Torquato disse adeus cedo demais, aos 28 anos, antes de ver a chegada do “pop genuinamente brasileiro” com o qual tanto sonhava e que é tão bem defendido por Chico César (1964). Será mágico presenciar outra vez – a série passou pelo CCBB Brasília, em 2011 – o encontro das tintas inventivas desses dois filhos do Nordeste.

'ANJOS TORTOS, A MPB GAUCHE NA VIDA'
ONDE: Teatro III do CCBB Rio (Rua Primeiro de Março, 66, Centro do Rio), com 97 lugares. Informações: (21) 3808.2020.
QUANDO: de 15 a 25 de março de 2012, de quinta a domingo, sempre às 21h.
QUANTO: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-entrada válida para estudantes, professores, maiores de 60 anos e clientes BB). A venda antecipada de ingressos para cada semana inicia-se no domingo da semana anterior, restrita a quatro bilhetes por pessoa.
A BILHETERIA DO CCBB RIO funciona de terça-feira a domingo, das 9h às 21h.
ETCÉTERA: A duração dos shows é de 90 minutos, aproximadamente. Não recomendado para menores de 14 anos.

1.3.12

PARADONA



Queridos amigos que acompanham este modesto blogue. Vou ter que providenciar uma parada técnica.
Explico: Preciso desesperadamente estudar e não posso desviar minha atenção para postar "conteúdos" no blogue. Tenho um ano para entregar uma dissertação e é agora ou nunca.
Talvez, uma vez ou outra eu bote alguma coisa no ar, mas não posso prometer continuidade. Voltarei, prometo, mas tenho que terminar meu trabalho acadêmico.
Por enquanto, quero informar que nos meus arquivos existem muitas coisas que julgo interessantes para ver e curtir: desenhos, textos, cartuns, charges, caricaturas, poesias e até mini-teatro.
Volto a afirmar: isto não é uma despedida, mas uma PARADONA, igual à da minha querida escola do coração , a Mangueira. Como a bateria "surdo um" eu vou voltar para agitar esta avenida virtual. Grande abraço a todos! Ciao...

Caricatura do Boni


Caricatura feita com nanquim e aquarela líquida (Ecoline). Depois de publicar esta caricatura aqui, vou tirar um ano sabático, he he...