31.5.09

Dica do Gerdal: Rádio MEC apresenta André Mehmari neste domingo e quarta-feira


Dividindo-se entre a MPB, o jazz e a música erudita, André Mehmari, nascido em Niterói e criado em Ribeirão Preto, é um dos principais pianistas da nossa atualidade - também um multi-instrumentista -, possuidor de virtuosismo que, distante do mero exibicionismo de alguma habilidade -, atende à música quanto às suas múltiplas formas de manifestação, transpondo óbices técnicos. Na chamada Califórnia Brasileira, já tocava, aos 13 anos, profissionalmente, na única casa de jazz da cidade e, mais adiante na carreira, ganharia tanto na seara popular quanto na erudita prêmios de alta significação: o Visa 1998, edição instrumental, juntamente com o contrabaixista Célio Barros - o que lhes valeu um CD conjunto, e, em 2003, o Concurso Nacional de Composição Camargo Guarnieri, promovido pela Orquestra Sinfônica da USP. Quando da recente comemoração dos 450 anos de São Paulo, inspirado em um certo Oswaldo Gogliano, compôs "Sarau pro Vadico", na qual o mais citado parceiro de Noel Rosa mereceu uma fantasia para orquestra sinfônica e quinteto de clarinetes. Stravinsky, Brahms, Egberto Gismonti, Mílton Nascimento e a turma do Clube da Esquina e Countie Basie são nomes basilares de sua formação instrumental, e ele próprio, aos 32 anos, já influência para talentos da novíssima geração.
André Mehmari é atração única e especial do "Sala de Música", de Jorge Roberto Martins, nas Rádios MEC AM e FM ("flyer" acima), um programa indispensável à fruição do ouvinte de bom gosto e revelador da nossa melhor expressão instrumental.
Um bom domingo a todos. Muito grato pela atenção à dica.

Cartum de Ilha

30.5.09

Lançamento dia 2 - Dois livros e uma revista


(Clique na imagem para ampliar e ler melhor)

Mais um brinde: um cartum de João Zero

Dica do Gerdal:Tem mais samba com Dorina no novo CD da cantora e em show, neste sábado, na Tijuca


Nascida e criada no Irajá, bairro carioca musicalmente bem recomendado - também do afortunado Zeca Pagodinho, do perspicaz Nei Lopes (que "chuta o balde" "de letra e música", com categoria), do seresteiro Newton Teixeira (um dos autores de "Deusa da Minha Rua"), do avançado Valzinho (irmão de Newton e um violonista à frente dos seus idos) e do memorável Boêmios -, Dorina apresenta-se neste sábado, 30 de maio, às 19h, no Centro Municipal de Referência da Música Carioca (flyer" acima), na Tijuca, cantando músicas do novo CD, "Samba de Fé" (gravado ao vivo no Trapiche Gamboa, com direção geral de Tulio Feliciano e direção musical de Mauro Diniz). Íntima desde a infância das rodas de batuqueiros no subúrbio, ela sempre levou fé no samba e do samba vem fazendo a sua profissão com fé, hoje reconhecida como uma de suas vozes mais representativas, identificada, sobretudo, com o alambique mais popular dessa nossa cachaça cultural. "Eu Canto Samba" - Prêmio Sharp de Cantora-Revelação, em 1996 -; "Samba.com", em 2001; "Sambas de Almir", de homenagem ao compositor Almir Guineto, em 2004; e "O Violão e o Samba", em 2007 - todo dedicado a essa união estável entre o instrumento e a levada, contando ainda com os violonistas Cláudio Jorge (atual gestor do CMRMC) e Carlinhos Sete-Cordas -, são ótimos CDs anteriores de Dorina, que também desfralda semanalmente a sua bandeira na Rádio Nacional, como apresentadora do programa "Ponto do Samba", ao lado de uma enciclopédia viva de histórias do ramo, Rubem Confete. Se todo o repertório de "Samba de Fé" não fosse bem escolhido e gravado como foi, o CD já valeria por uma única faixa e lembrança: "O Apito no Samba", um clássico de Luiz Bandeira (em parceria com Luiz Antônio), lançado por Marlene em 1958. Bingo, Dorina!
Um bom fim de semana a todos. Muito grato pela atenção à dica.

Minha vizinha chavista diz pro Vargas Llosa cuidar do Peru dele


Minha vizinha chavista interfonou para dizer que desapaixonou de Roberto Justus de vez.
- Ele é casado, a mulher dele vai ter neném , isso cortou o meu enlevo! Disse ela depois de um muxoxo, mas manteve a porta aberta para uma amizade.
- Ele mostrou que é bacana apesar de equivocado na sua avaliação do que seja empreendedorismo. O meu ex- “doce de coco” e seus charmosos assessores acham que um bom empreeendedor é aquele que fica pedindo esmola num país que habla espanhol, num estranho caminho de Santiago, não o de Compostela , que pertence ao Paulo Coelho, mas o do Chile, que foi do Pinochet.
Quer dizer que a senhora agora está noutra? Eu perguntei, enquanto passava manteiga “Aviação no meu pãozinho crocante.
- É , meu ideal de homem é o Hugo! (ela se refere assim ao Presidente da Venezuela Hugo Rafael Chávez Frías, na maior intimidade)
Roberto(como se viu, ela tem por hábito chamar celebridades pelo primeiro nome) é maneiro, mas vacila. Soube disso quando o “Pânico” fez uma pegadinha com ele e ele sacou logo a armação, mas não deu bola deles terem malandramente editado a coisa, como se ele não tivesse descoberto a brincadeira. Se fosse outro, teria um chilique. Depois deu entrevista para um jornal popular e garantiu que não usa laquê naqueleles cabelos preteados. Mas mesmo assim eu magoei com ele por não ter aceitado a minha idéia de fazer um “Aprendiz 7- Terceira Idade”.
Sabe como é, nós que chegamos à fase dos cinquentinha também temos direito de respirar o mesmo ar que o meu ex- “doce de coco” da Record . Teve uns dias em que sonhei ser demitida por ele de maneira bem dura. Mas agora, vou me contentar em assistir ao novo “game show” que ele anunciou no fim do programa (“Quem quer ser um milionário”). Você viu o final do “Aprendiz 6″?

- Confesso que não vi, acho que estava lendo as últimas linhas de um livro sensacional do Eric Lax, “Convesas com Woody Allen”. Como foi a reta de chegada? A senhora achou legal?
- Ah! Deixe de ser sonso,meu filho! Eu sei que você deu uma olhadinha no programa (não seria pró-grana?). Mas mesmo assim vou te contar qual foi o resultado. Ele contratou aquela menina Marina, só pelos belos olhos azuis que ela tem. Com aqueles olhos ela não vai ser estagiária, vai direto pra diretoria. O pior de tudo foi o mico das duas finalistas “UNIVERSITÁRIAS” na hora do teste das figuraças. Você precisava ver!!!! Pois não é que elas não sabiam quem era Margaret Thatcher!? De que mundo vieram essas criaturas??? Sei que uma só tem 20 anos e a outra 25. Marina, pelos meus cálculos nasceu em 1989 e a Rubinho Barrichello dela, em 1984. A conservadora baronesa Margaret Hilda Roberts Tatcher ascendeu ao poder em 1979, quando uma estava com 10 e a ou outra com 5 anos, o que não é uma boa desculpa para tamanha falha. Quer dizer que essas meninas estavam brincando de boneca quando a “Marga” mandava pacas naquela ilha perto da Europa. Mas não é preciso nascer no tempo de Charles I para saber quem foi Oliver Cromwell. Nem viver no tempo Henrique VIII para ficar por dentro da fama que ele tinha de pegador ? O que me espantou foi o fato delas dizerem que se identificavam mais com a “dama de ferro”, sem saber necas sobre ela. Não sabiam que foi essa mulher quem ajudou a inventar o neoliberalismo e toda essa mierda que rolou no mundo depois: o endeusamento do mercado, diminuição do papel do Estado, a privatização de tudo, redução dos serviços sociais e essa crise toda que a gente tá encarando!!!! Pode-se dizer que ela desferiu um golpe quase mortal na classe trabalhadora. E tudo foi dar no “trabalhista” Tony Blair que agiu como papagaio de pirata do Bush. Tudo isso é coisa que até o cabelereiro do Justus está careca de saber. … Foi aí que ela mudou de assunto num tranco.
-Tô muito irada com o Vargas Llosa, que é um grande escritor, mas esse papo de se meter na situação venezuelana, tá me dando nos nervos. Ele disse, numa reunião de um bando de “intelectuais” pela Democracia, que o Hugo está levando a Venezuela para um regime totalitário comunista. Bote lá no seus “grogues”
( ela nunca fala blogues - mas eu acho que é por pura implicância) que o Llosa tem que cuidar e do Peru dele!
-Por que ele não foi discutir democracia nos EUA na era Bush quando estavam torturando gente em Gantánamo por afogamento? E isso estava numa lei, ou coisa parecida, era aprovada lá pelo regime deles.
Intelectual bom é o intelectual orgânico.
(não tenho certeza o que ela quis dizer com isso. Talvez se refira aos intelectuais que frequentam a rede de produtos ecologicamente corretos Mundo Verde)
O Hugo até vai discutir com esses “intelectuais” enxeridos no programa de rádio que ele faz todas as manhãs. Será que os “intelectuais” vão conseguir acordar cedo???
Já disse: o negócio do Vargas Llhosa é com o Peru, ele que vá dar pitaco na terra dele! Ora bolas!!!

E desligou.
Falando sério, señor Llosa, tome cuidado com minha vizinha, ela é do balacobaco. Acabo de ver pela minha janela, passar voando um exemplar de “Pantaleão e as visitadoras”. Xi, olha lá um “Conversa na Catedral”!…”Tia Julia e o Escrevinhador”!..”A Cidade e os Cachorros”!… “A Guerra do Fim do Mundo”!…”Quem Matou Palomino Molero”?!…
Democracia é isso aí: livros para todos!

29.5.09

Debates sobre obra de Joaquim Pedro de Andrade dia 1º na Travessa


Enfim a obra de Joaquim Pedro de Andrade é editada em DVD - e vem completa e restaurada numa caixa que vai ser lançada no dia 1º de junho às 19.30 horas na Livraria Travessa do Shopping Leblon. Nesse dia vai rolar um debate com Hélio Eichbauer, Nelson Pereira dos Santos e Paulo José com mediação de Susana Schild. O tema do debate tem até título: O modernismo em Joaquim Pedro de Andrade: Macunaíma e O Homem do Pau-Brasil.

Cartum de Ilha

Tese maldita se confirma: Palmeiras afina em casa!


Taí, de novo a minha tese está de pé, firmíssima! O Palmeiras não consegue vencer em casa. Vendam o Parque Antártica ou façam um estacionamento lá. Joguem sempre na casa do adversário ou mudem de estádio: novo projeto com uma arquitetura que mantenha os jogadores bem longe a torcida.
Desejo boa sorte ao Obina. Tenho ouvido e lido muita crítica ao jogador. Na verdade, eu acho que quem fez mau negócio foi ele. O Palmeiras é um time irregular, não tem força nas decisões. Falta identidade ao time. O jogador que tem mais identidade com o Palmeiras (além do São Marcos) é o Kleber (que pediu pra ficar e quer voltar) que está mandando bala no Cruzeiro. Não sei as razões do negócio de sua transferência para o time mineiro.
Obina, feche a boca, esqueça a fabulosa culinária paulista e parta para cima, vá na bola como se fosse um prato de comida! Aí tudo vai dar certo.

Dica do Gerdal : Banana-Mix


Repasso o recado abaixo do show, nesta sexta-feira, 29 de maio, dos amigos do Banana-mix, que vem aí com uma sonoridade de primeira no primeiro CD do conjunto. Vale também pela ida ao TribOz, uma nova e bem acolhedora casa noturna na Lapa, dos simpáticos Mike Ryan e Jéssica. Lembro que nela, todas as quintas, à noite, para os apreciadores do gênero, rola uma "jam session" da melhor qualidade, conduzida pelo pianista e compositor Tomás Improta.

"Convidamos a todos os apreciadores de música instrumental para o show de lançamento do cd Banana-Mix 1...
...Serão bem vindos!!!
Façam suas reservas...poucos lugares disponíveis!
Obs.:O TribOz ainda não aceita nenhum cartão de crédito/débito: os pagamentos só podem ser feitos em
dinheiro ou cheque.
Abertura da casa: 20h30
"
www.triboz-rio.com
banana-mix.com
myspace.com/bananamixproject

28.5.09

Dica do Gerdal : Carmélia Alves passa em revista sucessos de carreira, nesta sexta, em show na Funarte


Não faz muito, num sábado, garimpando joias do vinil na feira de antiguidades da Praça XV, tive a sorte de encontrar um dez-polegadas raríssimo, comprado por mim de imediato: "Hervé Cordovil Interpretado por Carmélia Alves", em cuja capa esse compositor, mineiro de Viçosa e parceiro de Noel Rosa em "Triste Cuíca", está ao piano, ladeado pela sorridente cantora carioca nascida na Rua dos Açudes, em Bangu, mas criada em Areal, no interior fluminense. "Cabeça Inchada", "Esta Noite Serenou", "Sabiá na Gaiola" e "Pé de Manacá", naturalmente, fazem parte da expressiva seleção de músicas de Hervé, embalada por ritmos nordestinos, que Carmélia entoa com a vivacidade e a brejeirice que dela fizeram, com o estalo e o aval de Luiz Gonzaga, na transição dos anos 40 para os anos 50, a rainha do baião. Antes disso, no entanto, fã de Carmen Miranda, Carmélia levaria alguns anos influenciada por ela, decalcando-lhe o estilo e cantando-lhe o repertório, como o samba "Voltei pro Morro", de Vicente Paiva e Luiz Peixoto, e até mesmo, com a viagem da Pequena Notável para os EUA, ocupando-lhe o lugar num programa da Rádio Mayrink Veiga, apresentado por César Ladeira. Nos anos 50, com o cantor e contrabaixista Jimmy Lester, seu marido, já falecido, excursionou pela Europa, África, Ásia e os EUA, sempre divulgando a canção brasileira de extração genuína, sem rebuscado anglófilo. Uma década em que atuou como "crooner" da boate Meia-Noite, do Copacabana Palace, firmando no luxuoso hotel o prestígio advindo do final da década anterior, quando o que lá cantava era transmitido, diretamente, pela Rádio Nacional para todo o país em atração, "Ritmos da Panair", apresentada por Murilo Néri. Idos em que muito ajudou um amigo talentoso, recém-chegado do Recife natal, Luiz Bandeira, que também se tornaria "crooner" no Copacabana Palace, dele gravando com sucesso, em 1952, o baião "Maria Joana". Idos ainda de aparição na tela do cinema em filmes, por exemplo, de Moacyr Fenelon, "Tudo Azul", também de 1952 e cópia recentemente restaurada; "Agulha no Palheiro", outro de 1952, de Alex Viany, e "Carnaval em Lá Maior", de Adhemar Gonzaga, em 1955,
Apresentando-se ultimamente com Carminha Mascarenhas e Ellen de Lima pelo conjunto As Cantoras do Rádio - iniciado como um sexteto, depois quarteto, pelos quais passariam Ademilde Fonseca e as saudosas Nora Ney, Zezé Gonzaga e Rosita González, além de Violeta Cavalcante, afastada por motivo de saúde -, Carmélia Alves, muito bem disposta aos 86 anos de idade, faz show com convidados nesta sexta-feira, 29 de maio, às 19h, na Sala Funarte ("flyer" acima), com a simpatia e a simplicidade de sempre, sem perder, no entanto, a majestade que o baião lhe confere. Uma boa oportunidade de, na dimensão continental da nossa música popular, o Brazil conhecer o Brasil.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção à dica.

Era uma vez um Brasil - Página 8 - A Colonização


(Toda quinta-feira vai para o ar uma página do meu livro Era uma vez um Brasil)
NR- Clique na imagem para ampliar, ver e ler melhor

27.5.09

Revista Barcelona , onde o buraco é sempre mais em baixo.


Todo dia leio com prazer o blog do meu amigo Ricardo Noblat e ontem tive a grata surpresa de ler um texto da jornalista Gisele Teixeira, ali postado. O artigo fala de uma revista do baralho que é feita na Argentina. Trata-se da Revista Barcelona, que pode ser acessada no seguinte endereço www.revistabarcelona.com.ar
A revista pratica um humor barra pesada, política-mente incorreta, irreverente, que desce a porrada pra todo lado.
O endereço do blog de Gisele Teixeira é o seguinte giseleteixeira.wordpress.com
Quem quiser ler o artigo dela pode acessar o blog dela e lá tem um link para o texto que saiu no blog do Noblat de ontem. Se não for por este caminho, o navegante que que vá pesquisar nos arquivos do blog do Noblat no seguinte endereço http://oglobo.globo.com/pais/noblat/
NR: Pobre do Brasil que não tem uma revista de humor, nem um jornal de humor, nem um panfleto de humor...Será que o país ficou sério?

Barça, tu é o maior!!!!! Viva a Catalunha!!! Viva a Espanha!!!!


Enfim um time que eu torço faz bonito e vence.
Sem sombra de dúvidas deram um baile no marrento time do Manchester United. Não deu para a turma do Cristiano Ronaldo. Eto'o e Messi deram um banho nos ingleses e agregados. Pobre Tevez, tava mais perdido que cego em tiroteio. Viva o Barcelona!!!!

Ainda dá tempo de ouvir Nádia Maron tocar sua Bossa sempre Nova


Nádia Maron se apresenta no Show A Bossa sempre Nova, hoje dia 27 de maio, às 22 horas, no Vinicius Piano Bar, na Rua Vinícius de Moraes, 39 em Ipanema.

Charge: Coreia no sinal

HQ : Luiz Gê desenha magnificamente O Guarani


O convite chegou por e-mail. Luiz Gê retorna glorioso em O Guarani. Vou botar o convite e o release na íntegra:
A HQMIX LIVRARIA e EDITORA ÁTICA TEM A HONRA DE CONVIDAR
DIA 29 MAIO SEXTA 19:30
LANÇAMENTO DO ÁLBUM:
O GUARANI
ADAPTAÇÃO DO ROMANCE DE JOSÉ ALENCAR
POR:
LUIZ GÊ [ROTEIRO E DESENHOS]
IVAN JAF [ADAPTAÇÃO E ROTEIRO]
HQMIX LIVRARIA
PRAÇA ROOSEVELT Nº 142
Centro - São Paulo - SP
TEL (11) 3258 7740

Não deixe de prestigiar!!
O GUARANI

O DESENHISTA
O Paulistano Luiz Geraldo Ferrari Martins, mais conhecido como Luiz Gê, formou-se em arquitetura na Universidade de São Paulo em 1977. Fundou a revista Balão (1972-75), foi editor de arte da revista Status (1985-86) e editor da revista Circo (1986-87). Trabalhou na Folha de S. Paulo, de 1976 a 84, como chargista editorial.Ganhou o Prêmio Casa de Las Américas, na II Bienal Internacional de Humor em Cuba, 1981. Em 1987 foi fazer pós-graduação no Royal College of Art, em Londres. Ganhou o Prêmio de Melhor Desenhista e Produção Gráfica de 1991, do HQMIX. Colaborou ainda com as principais publicações do país, como O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Jornal do Brasil, Jornal da República, Pasquim, Movimento, Veja, Visão, Isto É, Placar, entre várias outras. Já publicou e expôs na Alemanha, Espanha, França, Portugal, EUA, Itália e Inglaterra. Colaborou também para os LPs da Clara Crocodilo e Tubarões Voadores, de Arrigo Barnabé, e foi um dos roteiristas do filme Cidade Oculta, de Chico Botelho. Publicou os seguintes livros: Macambúzios e Sorumbáticos, Editora T. A. Queiroz, 1981; Quadrinhos em Fúria, Editora Circo, 1984; O Mal dos Séculos, Editora 34, 1993.

Atualmente é professor de quadrinhos no curso de Desenho Industrial da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Depois de vários anos, O Guarani marca seu retorno às HQs, para alegria de seus fãs.

O ADAPTADOR
O carioca Ivan Jaf é autor de mais de 40 livros, várias peças teatrais e roteiros para o cinema. Como roteirista de histórias em quadrinhos, começou sua carreira em 1979, na antiga editora Vecchi, criando histórias de terror em parceria com alguns dos mais consagrados desenhistas nacionais. Na década de 1990,. Com renomado desenhista argentino Solano Lopes, publicou histórias de ficção científica e de terror na revista italiana Scorpio.

Nesta Coleção, fez também outras adaptações, como O Cortiço.

SEGREDOS DA ADAPTAÇÃO

A criação de uma história em quadrinhos é uma atividade muito prazerosa, mas bastante trabalhosa também, principalmente quando se trata da adaptação de um extenso clássico literário. Para esta versão de O Guarani, o adaptador e roteirista Ivan Jaf precisou condensar um romance enorme em cerca de oitenta páginas de HQ, sem omitir passagens importantes e preservando a essência do clássico. O desenhista Luiz Gê, por sua vez, teve de ilustrar, com riqueza de detalhes, cerca de oitocentos quadros!

Dica do Gerdal:Show "Aracy de Samba e de Almeida" Hoje


"...mas hoje é um caco velho/que não vale nada/tem a cabeça branca/a pele encarquilhada/dá até pena ver o seu estado/a vida é essa/é um segundo que se esvai depressa/todos nós temos o nosso momento/e, depois dele, só o esquecimento" Infelizmente, os versos finais desse magnífico samba de Ari Barroso refletem, na mídia de massa, o desmazelo a que figuras de alto relevo da nossa cultura popular são relegadas. Levada em 1933 pelo pianista e compositor Custódio Mesquita para a Rádio Educadora, Aracy de Almeida (1914-1988), carioca do Encantado e intérprete de "Caco Velho" (samba que motivaria, ainda na infância, o cognome artístico do gaúcho Matheus Nunes, o Caco Velho, um estilista no ramo), conheceu nessa emissora um outro compositor que se tornaria pedra de toque na sua carreira, do qual, ao lado de Marília Batista, seria decantada como uma das principais vozes para as suas músicas. Recebendo de César Ladeira o epíteto de O Samba em Pessoa, teria, de fato, no bardo boêmio de Vila Isabel um manancial de sucessos, gravados, sobretudo, dos meados dos anos 30 aos começos dos anos 40, como "Palpite Infeliz", "O X do Problema" e "Último Desejo". Entre 1948 e 1952, homenageou-o nas noites elegantes da boate Vogue, em Copacabana, levando, em 1955, pela Continental, parte do precioso repertório de Noel a um dez-polegadas, acompanhada por orquestra comandada por Vadico. Também Haroldo Lobo, com as marchas "Tem Galinha no Bonde" (bem regravada há pouco pela Orquestra Popular Céu na Terra), "O Passarinho do Relógio" e "O Passo do Canguru" - na parceria com Milton de Oliveira; o mangueirense Babaú, com o samba "Tenha Pena de Mim" - na parceria com Ciro de Souza; e Luís Soberano, com o samba "Não Me Diga Adeus" - na parceria com Paquito e João Correia -, obtiveram o tão almejado sucesso pelo timbre algo choroso e anasalado de Aracy, revivida postumamente, em 2004, por Olívia Byington no bem recebido CD "A Dama do Encantado".
Nos anos 60, embora aparecesse com destaque na noite carioca com shows como o realizado, em 1964, na boate Zum-Zum, com Sérgio Porto e Billy Blanco, e, no ano seguinte, com Ismael Silva, em "O Samba Pede Passagem", no Teatro Opinião, Aracy já fazia parte do rol de artistas egressos do rádio àquela altura um tanto encobertos pela onda bossa-novista que se erguera no mar de vicissitudes rítmico-harmônico-estilísticas da MPB. Dela muitos guardam, equivocadamente, apenas a imagem da tevê como jurada ranzinza e de notas baixas dadas a calouros de programas de grande audiência, o que não só se contrapunha à sua condição de uma das maiores cantoras de samba de todos os tempos, como também à de, embora mulher de pouca escolaridade, apreciadora de livros de psicanálise e cultora de artes plásticas - com quadros dos amigos Aldemir Martins e Di Cavalcanti nas paredes da casa do Encantado. Destinando a Adoniran Barbosa versos que Vinicius lhe dedicara em carta procedente de Paris, onde atuava como diplomata, tornou possível o surgimento do clássico "Bom Dia, Tristeza", de 1957, também gravado com sensibilidade por Maysa, um samba-canção de dois autores que, pelo menos, até então não se conheciam pessoalmente.
Mesmo com todo o distanciamento midiático do passado de glória musicalmente formador da nossa identidade cultural, a "voz do morto" - a voz do samba, como no de Caetano Veloso para Aracy, por ela gravado em 1968 -, de um modo ou de outro, furando bloqueios, encontra espaço para se fazer ouvir. Por isso, em boa hora, a cantora e atriz Carol Bezerra apresenta-se, mais uma vez, com o show "Aracy de Samba e de Almeida" ("flyer" acima), no Centro Cultural Carioca, hoje, 27 de maio, às 20h, acompanhada de Lucas Porto (sete-cordas), Marcílio Lopes (bandolim) e Oscar Bolão (percussão). "...Ninguém me salva/ninguém me engana/eu sou alegre, eu sou contente, eu sou cigana/eu sou terrível/eu sou o samba/a voz do morto/os pés do torto/a vez do louco/na glória..."
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.

26.5.09

Exposição do Bonfanti no Paço


Imperdoável, equeci da Exposição do Bonfanti. Mas dá tempo de ir ainda - ela vai até o dia 5 de julho deste ano- com visitação de terça a domingo, das 12 às 18 horas.
Tá no Paço Imperial - Praça XV , nº48 - Centro da cidade maravilhosa do Rio de Janeiro.
Todos lá!

Evolução ou Evolu-cão!


Fui até Botafogo cuidar da saúde. No caminho encontro sempre a humanidade caminhando celeremente para o fim da picada. Explico:

No cruzamento da Voluntários da Pátria com Rua Nelson Mandela, (alí ao lado do Metrô) vejo um big outdoor anunciando um show do Kiss. Colado em cima dele um outro cartaz com fundo preto e letras vazadas, onde se lê a seguinte mensagem: "PUBLICIDADE EM LUGAR IMPRÓPRIO", ou algo parecido ( não me lembro do texto conforme está lá).Ao que parece, uma determinada autoridade resolveu censurar o fato daquele outdoor estar ali e para resolver o problema, botou um outro cartaz em cima do anterior. A finalidade parece ser a de evitar desviar a atenção do motorista que por ali trafega.
Uma pergunta batuca aqui na minha cabeça: se a autoridade competente quer se exercer neste caso, como autoridade competente de fato, não seria o caso de retirar simplesmente o cartaz do Kiss daquele lugar? Ao colocar um outro cartaz avisando que aquele Outdoor está no lugar errado, a tal autoridade não está chamando mais ainda a atenção do motorista desavisado? Se o objetivo é não perturbar a visão do referido piloto, o tal do cartaz sobreposto não conseguiu o contrário, isto é, desviou muito mais a vista cansada de poluição visual do pobre motorista?

Na mesma esquina, de repente uma confusão. Um ônibus parado e uma senhora aos gritos. O motorista desce e vai conversar com ela. Junta gente. Uma moça anota o número do ônibus e diz que é uma barbaridade o que o homem fez. A senhora esmagada diz que não quer papo com ele. Que ele a espremeu com a porta. - Eu fui espremida por você, não quero conversar nada com você. O sujeito ficou ali na porta do ônibus tentando se explicar...
O que eu achei um ponto a menos para a humanidade, foi a reação do público, que assistia àquele desentendimento, com exceção da moça que anotou a placa. As pessoas estavam reclamando da mulher e não do motorista. Diziam que não era um caso para tamanho escândalo! É um tipo de atitude que já vi muitas vezes na cidade. Quando alguém resolve reclamar seus direitos encontra resistência por parte de muita gente. Nesse caso, consegui acompanhar o diálogo entre uma menina e sua mãe. A pequena dizia que não precisava aquele alvoroço todo, pois tinha sido apenas um erro do motorista.O que não passou pela cabeça da garota é que esse erro que poderia ser fatal. E o principal, o motorista de um coletivo tem que prestar atenção no que está fazendo. Fechar a porta e deixar a senhora entalada é um erro grave. Só se deve fechar a porta de qualquer veículo quando todo mundo está a bordo.

Estava na fila para pagar meu almoço rápido quando uma moça entra na minha frente na maior cara de pau e adianta um cartão para o caixa. Deixei barato. Não reclamei. Ladies first. Mas que falta de educação da moçoila!

No cair da tarde, a frase de uma senhora que tentava arranjar uma brecha para passar entre os automóveis estacionados na Praça São Salvador: - "Esse Rio de Janeiro está perdido mesmo"!
Não sei ao que ela estava se referindo. Se era ao estado do calçamento, à falta de espaço para o pedestre circular ou à ausência de iluminação pública adequada na praça.
Outro dia rasguei uma calça na altura do tornozelo ao passar entre dois carros estacionados. O pano prendeu na placa do carro que estava mal colocada. O pior que rasgão nesse lugar não tem costura que dê jeito.

Dica do Gerdal: Martinho da Vila divide palco com Gabriel de Aquino e o DNA do Samba


Andando pelo Largo do Machado e adjacências, costumava encontrar casualmente João de Aquino, que, numa dessas ocasiões, teceu loas à vocação de Gabriel de Aquino, seu filho, para o violão, dizendo que o rebento tocava uma barbaridade. Fiquei, naturalmente, curioso para vê-lo tocar, mas não tive ainda, sobretudo pelo meu horário de trabalho, essa oportunidade. No entanto, alguns amigos já puderam ver o Gabriel em ação, no palco, e ficaram abismados com a intimidade revelada por ele com as primas e os bordões, o que me fez perceber, lembrando tais encontros com o João, que não se tratava apenas de corujice artística de um pai virtuose. Além da dele, o rapaz reproduz, a seu modo e de modo consanguíneo, a excelência de outro vulto do pinho brasileiro, um varre-saiense que atendia simplesmente pelo nome de Baden Powell. Juntamente com o DNA do Samba, um conjunto de outros rapazes de valor embalados no berço esplêndido da obra-referência de seus ancestrais, Gabriel mostra a sua arte num show (flyer" acima)conduzido por Martinho da Vila, esse bibarrense multifacetado já consagrado por tantos sucessos na história da MPB. Um dos mais belos sambas dele, aliás, a meu juízo, mesclando na letra a revolta e a resignação de um casal numa situação-limite sugerida, foi feito justamente com João de Aquino, "Pensando Bem", numa gravação vigorosamente admirável de João e com um arranjo primoroso, "à la carte", de tão acertado.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.
NR: Como a imagem do flyer está muito pequena para ler , aqui vão os dados do evento: O Show vai rolar no dia 26 de maio , às 19 horas no Teatro Carlos Gomes - Praça Tiradentes, nº19 - Centro - Rio de Janeiro -(Abertura do teartro vai ser às 18,30 - ingressos R$10 - na bilheteria)
(De qualquer forma clique na imagem para ver se consegue ler alguma coisa com lupa. Juro que em algum dia vou escrever um ensaio sobre a arte dos flyers, pela Madonna!)

Dados Oficiais Mostram que um Carioca é Assaltado a cada Quatro Minutos


(A notícia aí de cima no título eu peguei no youpode)

25.5.09

Cristiane Costa pensa a imprensa, quinta-feira, dia 28 na casa de Rui Barbosa


(Clique na imagem para ampliar e ler melhor)

Cartum:Regime dos Frades

Dica: Lançamento "Quilombos" na Folha Seca





Chegou por e-mail o convite da simpática Livraria Folha Seca para o lançamento do livro "Quilombos"- aí vai o convite na íntegra:
"O Projeto Geografia afro-brasileira: educação e planejamento do território,
o Centro de Cartografia da UnB e Rafael Sanzio
convidam para o lançamento do livro Quilombos: geografia africana, cartografia étnica, territórios tradicionais
Nesta segunda-feira, dia de África
25 de maio de 2009, das 18:30h às 21:30h
na livraria Folha Seca
rua do Ouvidor, 37 - Centro, Rio de Janeiro
(entre a 1º de Março e a trav. do Comércio)"
Todos lá!
2009: ano Paula Brito na Livraria Folha Seca.

24.5.09

Zé Renato e as lindas canções



Tudo começou numa comemoração na casa de minha filha, no ano passado. Um CD tocava ao fundo do bate-papo animado da festa e eu de repente me transportei na voz e na música que saia dos alto-falantes no meio de outros "alto- mais - falantes" que discutiam vários temas na sala. Eu confesso que ando sempre deslocado do que está acontecendo no mundo musical - e cada vez mais achando que não está acontecendo nada de novo porque o sistema apostou as fichas no pior, deixando de lado talentos raros e novos da MPB. No meio da minha viagem musical, já distante da festa, perguntei à minha filha quem era aquele cara que cantava aquelas músicas da jovem-guarda de forma moderna e tão bonita. Ela respondeu com bastante intimidade : - É o Zé Renato.
Caramba, minha filha é uma garota, não é da geração que curtiu o Boca Livre! Zé Renato começou sua carreira em 1977 no grupo "Cantares", quando ela nem era um esboço de um projeto de gente !!!! ??? E mais, a jovem-guarda deveria ser para ela uma espécie exposta num Museu de novidades. Bem, isso não vem ao caso, ela tem um gosto musical variado, curte pesquisar novos e velhos sons e pode tanto gostar de Bidu Sayão, como do último punk da periferia.
O que quero dizer é que hoje, passados alguns meses, resolvi ouvir esse CD - no meio de uma dura batalha contra os livros sobre a Globalização, neoriberalimo, estas mierdas e tentando entender as razões de como poderosas corporações conseguiram desempenho tão ruim na economia americana a ponto do Estado entrar na jogada.Essa crise que eu chamo de crash da farra do capitalismo financeiro, contradiz de certa forma todo aquele bla bla bla , todo aquele panegírico (não seria melhor panejerico?) da Sociedade de Informação e da importância estratégica da Tecnologia de Informação somado ao fabuloso sistema de comunicações que encontrei nos livros. Esse aparato todo não funcionou na hora do terremoto? Ou teve jogada? Tanta tecnologia para não captar os sinais que vinham como uma tsunami e não uma marolinha!!!??? E os analistas econômicos, andam sempre atrás do trio eletrônico. Só falam da crise depois que o elefante quebrou os cristais da sala da classe média???? Vou esperar o próximo filme do Michael Moore que diz que vai desmontar a patranha...Já estou eu me desviando do tema. O que a acontece é que ouvi maravilhado, aquele CD do Zé Renato -" É tempo de Amar" e o disco não para de tocar aqui em casa .
O CD é feito, como já disse acima, de lindas canções da jovem-guarda - aquelas simples canções que ele interpreta de maneira magnífica - com muita classe. No site de Zé Renato, (http://www.zerenato.com.br/) descobri um artigo do Nelson Motta que diz que a idéia desse disco foi dele : "Zé me pediu sugestões para um próximo disco e, com a bola quicando na área, chutei em gol: ah, faz um disco inteiro de grandes músicas da jovem guarda com esse tratamento instrumental e vocal sofisticado." (Leia o artigo inteiro no site do Zé que vale a pena) Ah, tem mais: na faixa "Eu Não Sabia Que Você Existia" rolam os auxílios preciosos de um violoncelo de Morelenbaum e da voz suave de Nina Becker que em dueto com Zé faz os corações se derreterem de emoção.
Pois então: só para dar uma idéia vou botar aqui a relação das faixas do CD:
1. É Tempo de Amar (Pedro Camargo / José Ari)
2. Coração de Papel (Sérgio Reis)
3. Eu Não Sabia Que Você Existia (Renato Barros / Toni)
4. Por Você (Vinicius de Moraes / Francisco Enoé)
5. Lobo Mau (Ernest Mareska / versão Hamilton di Giorgio)
6. Com Muito Amor e Carinho (Chil Deberto / Eduardo Araújo)
7. Não Há Dinheiro Que Pague (Renato Barros)
8. Nossa Canção (Luiz Ayrão)
9. Quero Ter Você Perto de Mim (Neneo)
10. Ninguém Vai Tirar Você de Mim (Hélio Justo / Edson Ribeiro)
11. Custe o Que Custar (Hélio Justo / Edson Ribeiro)
12. O Tempo Vai Apagar (Paulo César Barros / Getúlio Cortes)
13. A Última Canção (Carlos Roberto)
É uma beleza, o Botafogo pode até perder que não me incomodo!

Dica do Gerdal: Gabriel Grossi, Rogério Caetano e Luís Barcelos




Domingo, 24 de Maio - 20h
Gabriel Grossi, Rogério Caetano e Luis Barcelos
Gabriel Grossi (harmonica) e Rogerio Caetano (violão de 7 cordas) já são amigos e tocam juntos, informal ou formalmente, ha cerca de dez anos, desde quando residiam em Brasilia. Junto com o bandolinista Luis Barcelos apresentaram classicos do choro, samba e baioes alem de composiçoes proprias.


Outro dia, passando pela Praça São Salvador, reencontrei, por acaso, Luís Barcelos, amigo recente, grande bandolinista, mais um jovem gaúcho, como o também bandolinista Henry Lentino e o contrabaixista Guto Wirtti, a residir no Rio de Janeiro e abrilhantar diversas iniciativas musicais com o seu talento. Ainda há pouco, visitando a sua página no MySpace, li com satisfação um sintético e "impublicável" elogio a ele dirigido por um violinista paulista excepcional, Ricardo Herz, que, obtendo o primeiro lugar do júri popular do Prêmio Visa, em 2005, fez, em seguida, como consequência, o CD "Violino Popular Brasileiro", que simplesmente já ouvi ene vezes. Nele, há uma composição do Ricardo, "Mourinho", inspirada em "Mourão", de Guerra-Peixe - e com inserção incidental deste bem conhecido baião na faixa -, que é um dos momentos mais sublimes da fonografia, a meu juízo, nos últimos anos. Com isso, quero dizer que, pode-se dirigir ao Ricardo o mesmo elogio "impublicável" dele ao Luís - no sentido de alguém que toca muito - e que, por isso, sendo o Ricardo o músico fantástico que é, hoje radicado na França, o Luís pode sentir-se consagrado. Como produtor e arranjador, Luís Barcelos tem participação fundamental no CD de lançamento de uma também jovem e promisora cantora, Ilessi (aluna de Amélia Rabello na Escola Portátil de Música), apenas com composições inéditas de Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro. Um discaço de antemão, já candidato a um dos mais relevantes deste ano.
O goiano Rogério Caetano continua "pintando o sete" nas elevadas baixarias do seu violão, um jovem mestre do seu instrumento, e, por sua vez, ex-aluno de Maurício Einhorn, o brasiliense Gabriel Grossi é um gaitista também excepcional, em cuja "Arapuca' - título do seu mais recente CD - dá gosto cair, uma "cilada" do bem. Luís, Gabriel e Rogerinho tocam hoje, 24 de maio, à noite, no Parque dos Patins, na Lagoa ).
Um bom domingo a todos. Muito grato pela atenção.

Endereço: Av. Borges de Medeiros s/ nº.
Parque dos Patins nº 5. Lagoa Rodrigo de Freitas
Reservas: (21) 2239 4136

Cartum da Série Não leve trabalho para casa


Confesso que não sei se existe ainda a profissão de faquir - o artista da fome de Kafka.
O faquir, para quem não é desse tempo em que ele existia todo pimpão - era um sujeito que fazia prodígios como ficar sem comer um tempão, dormir em camas de pregos ou num ninho de cobras. Quem quiser saber mais alguma coisa sobre essa profissão vá à wikepedia. Bom domingo para todos!

23.5.09

Cartum da Série Achados e Perdidos

Leia crônica "Filmes cabeça" no meu blogue do youpode


Nessa época de festival em Cannes, não resisti à tentação de republicar uma crônica - só que revista e ampliada. Trata-se de "Filmes Cabeça" que "postei"no meu blogue do youpode cujo endereço é http://youpode.com.br/blog/liberati/
O ingressso é grátis!

Dica do Gerdal: Kiko Horta é garantia de boa música em atração dominical na Tijuca


Uma atração muito simpática neste recomeço das atividades do Centro Municipal de Referência da Música Carioca, agora sob nova direção, é a denominada Clássicos Domingos, que acolherá no seu auditório bem montado e equipado, de ótima acústica, instrumentistas da melhor qualidade. E, neste domingo, 24 de maio, às 11h, a "bola da vez", no bom sentido dessa expressão popular, é um jovem de grande capacidade, compondo, tocando ou fazendo arranjos: Kiko Horta. Filho de um recém-chegado "imortal" à Academia Brasileira de Letras - Luiz Paulo Horta, crítico de música erudita -, Kiko é o diretor musical do Cordão do Boitatá, octeto de formação inspirada em lenda de alcance praticamente nacional, o qual tem concorrida participação em desfiles na folia carioca e, fora dela, atuação também marcante em shows e, especialmente, em outras festas, como a junina, animando quadrilhas. Mais informação no "flyer" acima, que também destaca, para hoje, sábado, a apresentação de outro músico altamente gabaritado, Henrique Cazes, numa nova pele artística de cronista mundano, J. Canalha, com CD lançado há pouco.

21.5.09

Minha vizinha chavista exulta com Fátima Bernardes


Minha vizinha chavista estava exultante quando interfonou para meu apartamento, antes da novela Caminho das Índias começar. (que ela não perde nem mesmo em dia de apagão)
-A Fátima Bernardes é uma revolucionária! Só podia ser uma mulher para ter tamanha coragem.
Hoje é um dia histórico- precisamos comemorar, meu filho!
Por que? Perguntei, apreensivo.
-A Fátima (ela sempre trata as celebridades pelo primeiro nome) disse a palavra “xixi” em pleno Jornal Nacional. Imagine, xixi!
Bote isso nos seus “grogues”.(dispensável dizer que ela nunca consegue falar “blogues” - por pura implicância- creio eu). Isso é sinal que o jornalismo Global está mudando.
Agora estou ansiosa para escutar ela falar a palavra cocô. Aí vai ser a glória!
E desligou.
Sinceramente, não sei o que dizer. O telejornalismo, decerto está em processo de transformação e eu estou mais por fora do que umbigo de vedete.

Marcos Sacramento e a Homenagem à Carmen Miranda


(Clique na imagem para ampliar e ler melhor)

Dica do Gerdal: Sivuca é lembrado por Kiko Horta e Marcelo Caldi em roda de sanfona, hoje, no Centro


O cearense Catulo de Paula e o pernambucano Manezinho Araújo, em composição de ambos, gravada com sucesso em 1962, já observavam "como tem Zé lá na Paraíba". E, assim como tem Zé, esse indistinto popular conterrâneo do famoso cantor desse rojão, Jackson do Pandeiro, tem Severino. No entanto, não como Severino Dias de Oliveira, pois este só um: o internacional Sivuca, já com o cognome artístico que o maestro Nelson Ferreira lhe dera, na Rádio Jornal do Commercio, em Recife, onde o futuro mestre da sanfona já se exercitava, com 15 anos de idade, após anos animando, mesmo garoto, festas populares na sua Itabaiana natal, a 80 km de João Pessoa. Morando em Recife na adolescência, Sivuca, por dois anos, teve aulas de harmonia com César Guerra-Peixe, seu "timoneiro musical", vindo para o Rio de Janeiro em 1955, com um grande sucesso de sua autoria e letra de Humberto Teixeira, o baião "Adeus, Maria Fulô", já conhecido por gravação feita no início dessa década. Em 1957, como consequência de aprovação de lei do parceiro, então deputado federal, em prol da difusão da MPB no exterior, viajou à Europa, ao lado de Abel Ferreira, Waldir Azevedo, Guio de Moraes, Norato, Trio Irakitã e Edson Machado, entre outros, e, por muitos anos, nas décadas seguintes, Sivuca residiria no exterior, especialmente em Nova York, de 1964 a 1975. Lá conheceu uma sul-africana, Miriam Makeba, com quem participaria, no fim da década de 60, de vários shows pelo mundo afora e para quem faria o arranjo de "Pata-Pata", um "hit" que lhe ensejou ainda mais visibilidade no mercado estrangeiro, trabalhando com Nelson Riddle, maestro de Sinatra, e tornando-se diretor musical de Harry Belafonte. De volta ao Rio de Janeiro, casado com uma médica cantora e letrista, também paraibana, Glorinha Gadelha, sua parceira em "Feira de Mangaio", o albino e estrábico Sivuca, genial como de costume, desenvolve intensa atividade em estúdio e em shows, seus ou de colegas, ampliando bastante a sua discografia, em que se destacam, por exemplo, os elepês feitos com Rosinha de Valença, em 1975, gravado ao vivo no Teatro João Caetano; Chiquinho do Acordeom, em 1984, e "Sanfona e Realejo", em 1987, com Rido Hora, disco ganhador de Prêmio Sharp. Ainda em meados dos anos 70, letrando "João e Maria", valsa que Sivuca compusera em 1947, Chico Buarque conduziria o parceiro para um indefectível repertório de "happy hours" pelo país, sempre lembrada, e, no constante Paulinho Tapajós, Sivuca encontraria outro letrista de expressão, dividindo com ele o êxito de "Cabelo de Milho","No Tempo dos Quintais" e outras músicas.
Dois rapazes talentosos, Kiko Horta e Marcelo Caldi, lembram a importância de Sivuca nesta quinta, 21 de maio, às 21h, no Centro ("flyer" acima), numa inusitada roda de sanfona. Entrada franca.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.

Informações:
(21) 2256-7848
(21) 8622-4344

sivuca@sivuca.net

Era uma vez um Brasil - Página 7 - O Rei manda fazer uma rua


(Toda quinta-feira vai para o ar uma página do meu livro Era uma vez um Brasil)
NR- Clique na imagem para ampliar, ver e ler melhor

Minha vizinha chavista acha que Roberto foi injustus


Minha vizinha chavista, ao que parece recuperou um pouco de sua veia crítica. Isso aconteceu depois de ter uma recaída ideológica por causa do seu gato Chulé. Tudo começou numa noite em que ela deu uma cochilada, depois da novela “Caminhos das Índias”. O danado do bichano ficou brincando com o controle remoto e trocou de canal. Sintonizou a TV na Record, e foi aí que ela- saindo do cochilo, viu e ouviu o trinado de Roberto Justus que cantava maviosamente para os candidatos de seu programa “O Aprendiz 6 - Universitário”. A partir desse momento lindo, a ativa quinquagenária bolivariana gamou no empresário. Esse fato a princípio causou espanto no “Condominio do Barulho” , mas depois a sensação foi de alívio, pois com seus devaneios românticos, ela deixou em paz o síndico, os porteiros, os seguranças e o pessoal da limpeza, que ela vivia perturbando com suas exigências e catequese chavista. Aqui em casa, minha mulher e eu nos preocupamos com o coração da veneranda senhora. Olhe que ela foi até ler o blog do Bispo Macedo e ficou horrorizada com as cenas da Índia real que ele “postou” e que não aparecem na novela Global: cadáveres boiando no Ganges sendo devorados por urubus (Vem cá: na Índia tem urubu?)enquanto outros bebem aquela água “sagrada” e outras barbaridades que ferem as normas de higiene e saúde. Mas nossa inquietação com seu estado de alma foi aliviado
quando ela interfonou depois de “O Aprendiz 6″, de terça-feira, para dizer que discordava da decisão de Justus, que demitiu dois candidatos numa só canetada: um rapaz chamado Rodrigo e uma moça de nome Mariana.
- Bote aí no seus “grogues” (acho dispensável dizer que ele nunca consegue falar a palavra “blogue” - por pura implicância” - penso eu) que eu discordo do “doce de coco”!
Eu que já tinha esquecido quem era o tal manjar adocicado, perguntei.Que doce de coco?Dona….(eu também não consigo me lembrar do nome dela - mas acho que é das falhas do meu HD mesmo)
- E quem seria o “doce de coco” da Record? O Justus, é claro! Se bem que o simpaticão de meia idade do Walter Longo não é de se jogar fora. O Cláudio Forner também possui um charme gaúcho irresistível…
Eu estava com pressa para sair com minha mulher para comer uma pizza aqui perto de casa e quis abreviar esse papo: - Quem são esses caras?
-São os auxiliares de palco de Justus no programa, pôxa! Você não tem visto “O Aprendiz 6″ não?! Você esqueceu da nossa última conversa?
-Desculpe, mas eu ando meio fora de órbita com esse negócio de CPI da Petrobrás, que acho que vai sobrar pra mim, quer dizer para we the people, e só vejo esse programa de vez em quando, porque considero uma ótima comédia de costumes. Respondi, seco, dando a entender que não queria muito papo.
-Pois não sabe o que está perdendo! Estamos vivendo um momento emocionante desse reality show empresarial corporativo! No último programa, o Justus e seus auxiliares de palco erraram feio. Basearam suas decisões no montante do vil metal que os candidatos conseguiram, numa atividade de comércio que os pobrezinhos tiveram que enfrentar. Fiquei irada, pois acabaram dando a vitória para duas meninas que mais funcionaram como “sacoleiras” - camelôs de rua, do que futuras empresárias. E pior, essas garotas ( Marina e Stephanie) ganharam uma viagem para o exterior. Foram para Londres num merchandising explícito de uma companhia aérea…Ainda bem que o horário em que passa o programa é impróprio para menores!
Agora me diz uma coisa: a Guarda Municipal lá de São Paulo está dormindo no expediente? O Justus deveria demitir a Guarda que não foi com o “rapa” pra cima das gurias…Não é assim que eles fazer com os camelôs da 25 de março?

Nem questionei se em Sampa tem Guarda municipal - fiquei na minha para ver se o papo murchava, mas necas. Ela continuou:
-… Conclusão: botaram no banquinho dos réus duas duplas de candidatos que - ao meu ver, foram muito mais interessantes. Tá certo que uma dupla atacou de ” camelô de madame”. Pois é, as duas meninas em questão (Ana Paula e Mariana) escolheram vender jóias em salões de beleza da parte rica da cidade. E olhe que conseguiram vender jóais caras! A outra dupla composta pelo Rodrigo e pela Karina, optou por vender serviços na área da web. Usaram o know-how do rapaz para montar sites de empresas. Conseguiram clientes e funcionaram e isso é uma coisa complexa. Essas duplas ganharam menos grana que as sacoleiras, mas escolheram “nichos” de negócio altamente rentáveis, uma vendendo produtos de valor unitário elevado - no caso das jóias e o outro escolheu oferecer serviços especializados e ferramentas de tecnologia de ponta.Não estou falando de flecha não nem de peixeira! Vamos e venhamos, essas duas duplas foram bem mais chiques do que aquela que foi vender camiseta de times de futebol em porta de estádios. E nem se fale que serviços na área de informática, tecnologia de informação etc., constituem - agora e no futuro o caminho para onde os negócios irão se deslocar- vai ser tudo OnLine, meu filho! Faltou ao trio “Demite que eu gosto” uma certa perspectiva histórica do desenvolvimento do capitalismo. Pensaram a curto prazo, foram vítimas do imediatismo do vil metal. Falam em complexidade só no discurso, na real vão de Central do Brasil mesmo. Só faltou dar um troféu Silvio Santos para as garotas, que foram conhecer o Palácio de Buckingham , a Abbey Road, aquela roda gigante ridícula e nem foram ao principal endereço da Grande Albion que é o 10, Downing Street, a casa do Primeiro Ministro Gordon Brown.
Tenho a impressão que um pouco de Gramsci na formação educacional do “doce de coco” e seus “docettes” não seria um mau negócio. O texto “Americanismo e Fordismo” deglutido com um “fonduezinho” na noite gelada de Campos de Jordão cairia bem pacas! Mas o que fazer? Eles são muito bem sucedidos na vida para enxergar essas coisas miúdas. Só pensam nas alturas de Aspen… Você sabe que ando lendo sobre o pós- fordismo, pós-modernismo essas coisas, mas só depois que termina a novela da Glória.
(acho dispensável dizer que ela chama as celebridades pelo primeiro nome).
… E o Roberto ainda por cima esculachou a Mariana porque a menina quis dar uma de fina. O meu “doce de coco” deixou aquela lourinha esquentada da Ana Paula ir pro Sheraton….Pode? Magoei!
Foi aí que minha mulher - normalmente um ser pacífico - entrou em ação. Tomou o interforne da minha mão e mandou essa:
-Minha querida, é um prazer te ver recuperada, mas agora temos um encontro com o pizzaiolo do Palmiro Togliatti(*)…
E assim escapamos do começo de um longo discurso notte addentro, e tudo acabou em pizza, como tudo no Brasil.
(*) Foi dirigente do Partido Comunista Italiano, o famoso PCI .

20.5.09

Crio, logo existo


(Este texto do jornalista e pesquisador Jorge Sanglard é sobre uma exposição de usuários do sistema de saúde mental de Juiz de Fora. A mostra começa a acontecer na quinta-feira , dia 20 no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (Av. Getúlio Vargas, 200 – Centro- Juiz de Fora - MG). A Visitação pode ser feita de terça a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. A Mostra vai até o dia 7 de junho).
A experiência da criatividade possibilita outros vôos. Plenos vôos. Vivenciar o processo criativo e romper limites da existência são grandes desafios. Um exemplo de rompimento de limites e de arte incomum, Artur Bispo do Rosário, anunciou: "Os loucos são como os beija-flores. Estão sempre a dois metros do chão”. Interligando a reforma psiquiátrica à criação e à cidadania, um novo olhar vem se lançando sobre obras realizadas por usuários do sistema de saúde mental.
Nestes novos tempos, ao aprofundar o mergulho em novas práticas, lançando mão do potencial criativo de seus freqüentadores, serviços substitutivos ao antigo modelo de tratamento apostam na mudança e colhem resultados positivos. Sem negar o sofrimento, mas incorporando a noção de cidadão e trabalhando com a subjetividade, uma nova perspectiva ganha força em Juiz de Fora, em Minas Gerais e no Brasil. E expressões criativas surgem, aflorando a arte de onde só se enxergava a exclusão, o medo e a loucura.
Aos poucos, um mero ato espontâneo de pintar ou desenhar ganha a forma expressiva de comunicação de sentidos. Pouco importa se é considerado arte ou não-arte. É muito mais que isso. É um ato de construção de cidadania, de inclusão de cidadãos, antes excluídos e marginalizados. E o melhor, ao abrir novos horizontes, lança mão da inventividade e da criatividade e ajuda a mudar a realidade desses cidadãos.
Cores e formas, muitas vezes inquietantes e perturbadoras, revelam um novo percurso dos que ousaram transitar entre o real e o imaginário na articulação de uma expressividade, de uma afirmação de vida. Estas imagens pictóricas aqui reunidas são formas visuais construídas para um encontro com o outro e a compreensão de si mesmo. São obras que testemunham e revelam o sofrimento e a alegria, a angústia e a esperança.
Assim, usuários do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Casa Viva e do Centro de Convivência Recrear, em Juiz de Fora (MG) apresentam seu universo interior na exposição “Crio, logo existo”, que será aberta nesta quinta-feira (20/05), às 20h, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), em Juíza de Fora, encerrando a programação do Dia Nacional de Luta Antimanicomial, comemorado na última segunda-feira.
A mostra reúne cerca de 70 pinturas, entre trabalhos recentes dos usuários e também uma retrospectiva de obras premiadas, a exemplo de “Homem com cara de gato”, de Isaías, que conquistou menção honrosa no concurso Arte de Viver, em 2001, e já foi exposta em Paris, na França. Na edição do concurso no ano passado, “O amor riu de mim”, de Alceu, foi premiado em segundo lugar.
(NR: A ilustração deste "post" é a pintura de Isaías - "O homem com cara de gato" que foi citada no texto)

Dica do Gerdal : Andréa Montezuma mostra a beleza do seu canto plural, nesta sexta, em show na Barra


Enquanto lhes repasso o recado que recebi da bela e simpática amiga Andréa Montezuma, sobre show que fará nesta sexta-feira, 22 de maio, às 23h, no Up Turn Bar, na Barra da Tijuca - "flyer" acima -, percebo, num gancho particular desta dica, que é bom demais ouvir Andréa novamente, como faço agora, no seu primeiro CD, "Um Ser a Fim", de 2001, após um dia exaustivo no trabalho. Do afoxé "Lavadeira", de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro, aos boleros "Doce Mistério de Amar", de Irinéa Maria e Sueli Correa, e "Luz das Manhãs", de Tunai e Abel Silva, passando pelo sacudido "mix" de misticismo e epopéia na letra da faixa-título - tão a gosto do gonçalense Altay Veloso, na parceria com Samuel Santana -, pelo samba jocoso "Malandro Agulha", outra de Paulo César Pinheiro, desta vez com Carlota Marques, e até por uma profissão de fé na integração sul-americana, "A Voz da América", de Nonato Buzar e Tibério Gaspar: tudo soa muito agradável e muito bem interpretado por Andréa. Ao acerto da escolha do repertório, que permite revelar a sua versatilidade no canto, sempre com efeito atraente, aliam-se a sensibilidade e a beleza dos arranjos de Jota Moraes, Marcelo Lessa e Itamar Assiere, além do que Wilson Nunes fez para a regravação de "Universo no Teu Corpo", de Taiguara. Com outros dois CDs lançados depois de "Um Ser a Fim", com menção especial para o segundo de carreira, "Cordas Vocais", um desafio bem transposto apenas pela voz dela e pelo contrabaixo de Jorjão Barreto nesse disco, Andrea é uma cantora que merece ser ouvida com atenção e pode ainda ser apreciada, toda semana, no Vinicius, em Ipanema, valorizando o cartão de visita da casa com a bossa que Deus também lhe deu.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.

Conto da Tinê


Conto para a ilustração de uma crônica perdida
Para Bruno
Estamos em maio. O artista encontrou e publicou há pouco o desenho do que ele julga ser uma carnavalesca fora de época. Talvez ele a tivesse criado para um desfile de moda retrô, um show de rock’n roll, um croqui para quem debutou num salão temático, ou ilustrou texto da própria lavra e o perdeu; se dele não foi, o autor sumiu junto com o original.
O fato é que permaneceu a moça vestida de vermelho. Sigo na linguagem do traço daquela que nem com esforço de imaginação faz lembrar Julia Roberts em “A Dama de Vermelho”. Recrio o ser congelado no tempo dividido no espaço. A ilustrada parece indecisa: uma parte dela acena para frente, outra parte sai de fininho, feito siri. Será travesti? A situação recorda o poema da casa que não tem parede, porta, janela, ou os óculos sem lentes e armação, no entanto continuam a ser uma casa e uns óculos para o poeta.
Será que o artista armou a colombina no mês das mães, das noivas, dos floristas, da concepção dos novos “juninhos” (que, somados nove meses, nascerão em pleno carnaval do próximo ano) na esperança de uma voz indicar o paradeiro da página sumida?
Olho de novo para o desenho: ela desejava loucamente partir; ela foi para a estação de trem, não viu-ouviu trilhos, dormentes, apitos; quando percebeu o fim de carreira da locomotiva, ela quis espantar a tristeza com um picolé de cereja que escorreu vermelho na roupa até ela se partir em duas: a que olha na direção do trem que nunca chega e a que vê na direção oposta o trem virar na curva pela última vez, para sempre uma crônica perdida. A bipartida segura a máscara como um lencinho de adeus à fantasia do artista!
Mas a nova estória não termina aí. A poesia levou uma curva sob as rodas de uma outra percepção. Não é uma. Não são duas nem três carnavalescas – o artista deu um corte na cena das meninas sindicalizadas em passeata na avenida. “Madame” Patativa da Filó, uma ex-cafetina octogenária, marcou presença ao empunhar o cartaz “A crise também nos atingiu”.
Tinê Soares – 18/maio/2009

Mais um brinde: um cartum de João Zero

Cartum : Da Série Achados e Perdidos

19.5.09

Dica do Gerdal: Madame samba até se esbaldar no novo CD autoral de Ricardo Duna



Ao contrário da madame de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa que, irredutível em "Pra Que Discutir com Madame?", queria acabar com o samba, "música barata, sem nenhum valor", a madame de Ricardo Duna, destes tempos pós-modernos, tem outra cabeça, frequenta gafieira e "só quer lavar a alma sambando". "Madame Quer Sambar" é o recentíssimo e delicioso CD bossa-novista e autoral de Ricardo Duna, gravado no Studio Verde, de sua propriedade, no Cosme Velho, bastante procurado por artistas bem conhecidos da nossa música popular. Deixando para trás os tempos de outra levada rítmica na carreira, quando atendia pelo sobrenome artístico Bomba, apelido de adolescência, Ricardo refaz-se, a partir do ótimo CD anterior, "O Vendedor de Flores", de 2003, como um compositor inspirado, lírico, que sabe lidar com a delicadeza na canção, seduzindo o ouvinte com o seu canto suave, de curta extensão porém bem situado na audição, e sua letra simples, inteligente, bem-feita, de romantismo algo onírico, reforçado, no disco de agora, pela cama de cordas muito bem arranjadas por Alain Pierre. Sob a égide do esmero no trato de cada música do disco, instrumentistas como Idriss Boudrioua e Zé Carlos Bigorna (sax tenor), Guilherme Vergueiro (piano), Luís Sobral (bateria) e Augusto Mattoso (baixo acústico), entre outros de nível igualmente elevado, sobretudo os trombonistas Luís Cláudio Silva, Sérgio de Jesus e Víttor Santos (as vedetes da gravação com belos solos e introduções), acompanham a voz de Ricardo - e o piano dele em quase todas as faixas - num uníssono de excelência. Não apenas na valsa ou no sentimento de modinheiro urbano - como o de um inicial Juca Chaves em "Por Quem Sonha Anamaria" - que embala fração expressiva da produção, como também na porção sincopada e muito bem sacudida de sambas, como o da faixa-título e o impagável "Seu Guarda, Pode Escrever" ("Lei Seca"), em que um cidadão "calibrado", cujo carro é "atropelado por um poste" na madrugada, inventa uma receita de torta caseira da "esposa dada a desejar" para tentar escapar da multa: "Mas achar as avelãs às três horas da manhã..." (Grande sacada.) Ex-aluno de Luizinho Eça e também um engenheiro de som com formação especializada nos EUA, Ricardo Duna já faz, no meu entender, um dos melhores discos do ano, sendo, por isso, um compositor que precisa ser ouvido com mais atenção, na sua própria voz. Um craque.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.
(NR: procurei pra caramba uma foto da capa do CD do Ricardo Duna na internet e só encontrei uma, do CD anterior - "O Vendedor de Flores". Do CD "Madame quer Sambar" só achei um recorte de jornal (acho que do Globo) com a capa em branco e preto. É uma capa desenhada - não tem foto. Por essas e outras, botei a foto do CD "O Venderdor de Flores" para mostrar o rosto de Ricardo e o recorte de jornal para informar como é o CD. Ricardo, mande uma foto do CD pro Gerdal ou pro e-mail desse blog, por favor- e bote ele na internet!)

Mais um brinde: um cartum de João Zero

Cartum: Da Série Achados e Perdidos

18.5.09

A viola de Fabrício Conde em Vitória - Êta Espírito Santo abençoado!


Aqui em cima está o flyer de divulgação de um evento raro, a viola brasileira baixa no Espírito Santo - num belo show em Vitória, com a apresentação de Fabrício Conde, Levi Ramiro e Ivan Vilela . Preste atenção o show vai rolar no dia 4 de junho. Reservem seus lugares. Todos lá!
Endereço eletrônico para ouvir Fabrício Conde é www.myspace.com/fabricioconde
(clique na imagem para ampliar e ler melhor)

Dica do Gerdal: Nelson Faria, Ney Conceição e Kiko Freitas- o Nosso Trio promove "workshop"


O Norte, o Centro e o Sul do país estão musicalmente bem entrosados num "wokshop" que ocorre nesta segunda, 18 de maio, no teatro do Colégio Divina Providência, no Jardim Botânico, às 19h. O paraense Ney Conceição, o mineiro Nelson Faria e o gaúcho Kiko Freitas compõem o Nosso Trio, conjunto que, acompanhando há tempos, João Bosco, desenvolveu-se em folgas de agenda com um trabalho muito aplaudido e largamente apreciado, aqui e no exterior, em numerosas cidades. Lançou em 2006, pela Delira Música, um CD do agrado em cheio da crítica, "Vento Bravo", cuja faixa-título é um dos mais vigorosos temas compostos por Edu Lobo, com letra do recém-sexagenário Paulo César Pinheiro.
Morador de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o autodidata Ney Conceição, que iniciou a sua carreira internacional com um exímio conterrâneo, o violonista Sebastião Tapajós, lançou há pouco, no TribOz (templo do jazz e da bossa nova na Lapa), um DVD, "Com Vinte", comemorativo de 20 anos de carreira; criado em Brasília, onde se iniciou no conhecimento teórico da música, o violonista, guitarrista e professor, com livros sobre improvisação e harmonia publicados, Nélson Faria estudou em Los Angeles, a partir de 1983, com nomes celebrados do jazz norte-americano, como Joe Pass, Scott Henderson e Frank Gambale, e tem, entre os seus CDs lançados, um, intitulado "Três", com o saudoso baixista paulista Nico Assumpção e o baterista mineiro Lincoln Cheib, e outro, "Janelas Abertas", em duo com a cantora Carol Saboya; por seu turno, Kiko Freitas, filho de um importante músico tradicionalista gaúcho, Telmo de Lima Freitas, passou do contrabaixo à bateria por acaso, na adolescência, ao substituir um faltoso colega de ritmo em ensaio do conjunto familiar de que participavam. Ao viver, nesse momento, o seu "coup de foudre" pelas baquetas, aprimorou-se na bateria e na percussão, sendo aluno, em Cuba, de Changuito, renomado percussionista local, em ritmos desse país insular centro-americano. Tem, entre as suas maiores influências no exterior, os bateristas norte-americanos Gene Krupa e Buddy Rich e, no tocante à prata da casa, Robertinho Silva, o também gaúcho Nenê e os igualmente saudosos Edson Machado (o pioneiro do samba no prato) e Mílton Banana.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.